Por que outros presidentes não foram homenageados no Monte Rushmore?
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Os norte-americanos, mais especificamente os residentes nos Estados Unidos, são conhecidos por um grande censo de patriotismo, ou seja, demonstrando grande zelo pela nação. Isso se reflete, inclusive, em produções artísticas, como músicas, filmes e até mesmo esculturas.
Assim, é possível compreender melhor a motivação para a criação do Monte Rushmore, uma das mais icônicas esculturas estadunidenses. Localizado em Keystone, no estado do Dakota do Sul, a grande rocha abriga a cabeça de quatro importantes presidentes da história americana: George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln — respectivamente, os 1º, 3º, 26º e 16º líderes políticos.
Atualmente, quem ocupa o cargo de presidência dos Estados Unidos é Joe Biden, o 46º na função. Desde o mandato do último esculpido no Monte Rushmore, Theodore Roosevelt, já se passaram mais de 100 anos. Afinal, por que nenhum outro presidente americano foi homenageado no local?
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Por que não adicionar?
Ao longo dos anos, a adição de outros presidentes da história norte-americana no Monte Rushmore foi amplamente discutida por muitos, no entanto, o Serviço Nacional de Parques sempre foi bastante incisivo com uma resposta: isso não aconteceria.
Maureen McGee-Ballinger, chefe de interpretação e educação no Monte Rushmore, explicou, em entrevista em 2020 ao Argus Leader, que existem duas razões principais para não serem adicionados novas faces à grande escultura. A primeira delas é que a rocha em torno das faces já se encontra inutilizável para tal finalidade.
Quando Gutzon Borglum, o escultor do Monte Rushmore morreu em 1941, seu filho Lincoln Borglum encerrou o projeto e afirmou que não existia mais rocha esculpida", disse McGee durante a entrevista.
A princípio, o escultor planejava um manejamento diferente na pedra: o rosto de Thomas Jefferson ficaria à esquerda de George Washington. Porém, ele acabou espremido entre o primeiro presidente e Roosevelt, depois que a rocha foi considerada instável para a continuidade do projeto. Como consequência, uma inscrição planejada precisou ser cortada.
A segunda razão para não adicionar novos traços ao monumento é que, conforme afirma Maureen McGee-Ballinger, isso seria contra a intenção original da escultura: homenagear os primeiros 150 anos da história dos Estados Unidos.
As figuras retratadas, conforme explica o site Insider, não eram homenageadas individualmente, mas sim com o objetivo de "representar os princípios de nossa atual forma de governo", explica McGee.
É a interpretação artística de um homem e um tributo a esse período da história da nossa nação. O Serviço Nacional de Parques assume a posição de que a morte deteve as mãos do artista e a obra está completa na sua forma atual. Assim, para manter a integridade da estrutura e a concepção do artista, não há procedimento de adição de outra semelhança, a escultura está completa", concluiu.
Novas tecnologias
Embora as autoridades responsáveis por cuidar e administrar o Monte Rushmore descartem a ideia de adicionar alguém à escultura, o escultor Stuart Simpson alegou em 2017, ao The Washington Post, que o trabalho ainda poderia ser feito, graças às tecnologias existentes hoje em dia.
Ele se pronunciou pouco após o ex-presidente Donald Trump, ainda antes de ser eleito, ter mencionado a ideia de adicionar seu rosto ao monumento.
Segundo o escultor, para o serviço, seriam necessários 25 designers, 30 pedreiros treinados e 125 trabalhadores, e tudo custaria cerca de US$ 64 milhões — mais que o triplo do valor da escultura original. "A tecnologia hoje em dia é muito mais avançada", afirmou Simpson.
Acho que muito disso ainda terá que ser esculpido e removido da montanha da mesma maneira que foi no passado, mas com as novas capacidades do computador e a digitalização 3D, acho que há muito mais equipamentos que poderiam ser usados para torná-lo um processo mais preciso e fácil", complementa.
Quem esculpir?
Mesmo que fosse possível adicionar outro presidente norte-americano ao Monte Rushmore, dificilmente Donald Trump seria o escolhido. Isso porque, segundo informado pela Gallup — uma empresa de pesquisa de opinião dos Estados Unidos —, ele é considerado o presidente menos popular da história moderna do país, com índice de aprovação que só chegou a 49%.
A própria Gallup realizou também, em 2010, uma pesquisa para descobrir qual presidente os americanos gostariam de ver retratado no Monte Rushmore. O resultado não surpreende: apontou a vitória contundente de John F. Kennedy, que obteve 85% dos votos.
Vale mencionar que houve outros movimentos ainda anteriores a Trump para tentar adicionar os rostos de outros ex-presidentes, como Barack Obama e Ronald Reagan. Porém, ainda hoje, e provavelmente para sempre, a escultura contará apenas com as quatro cabeças já esculpidas.