Prometheus da vida real? Há 150 anos o veleiro Mary Celeste era encontrado à deriva
Aventuras Na História
Em 4 de dezembro de 1872, há exatos 150 anos, o veleiro norte-americano de dois mastros chamado Mary Celeste foi encontrado à deriva no meio do Atlântico, e esse foi o início de um mistério que permanece sem solução até os dias atuais.
A última entrada de um diário de bordo encontrado em uma das cabines continha registros de dez dias antes — e esse foi o último escrito deixado pelos tripulantes daquele navio.
Ele foi localizado por uma embarcação canadense, a Dei Gratia. Seu capitão, David Morehouse, estranhou os movimentos erráticos do veleiro, assim como suas velas e cordame em más condições, e logo constatou que o convés de Mary Celeste estava completamente vazio.
Todavia, a embarcação norte-americana não apenas estava sem tripulação, como também apresentava vários detalhes esquisitos, que não pareciam apontar nenhuma narrativa em especial que pudesse explicar o que havia ocorrido ali.
Eu sei que você pode estar pensando que já ouviu uma narrativa parecida na nova série da Netflix 1899; que virou fenômeno mundial após sua estreia no último dia 17 de novembro. Embora a história real não tenha sido protagonizada por Andreas Pietschmann ou Emily Beecham, o episódio te supreenderá tão qual uma série escrita por Baran bo Odar. Confira!
Algumas das peças do quebra-cabeça
Apesar do veleiro estar em boas condições para navegar, por exemplo, o bote salva-vidas estava ausente, indicando que seus marinheiros haviam abandonado o Mary Celeste. Se a tripulação tivesse feito uma saída calculada do barco, todavia, teria levado algumas das provisões de comida (que eram amplas) e objetos pessoais, porém não foi o que aconteceu — esses foram deixados, na maioria, intocados.
Apenas os documentos e instrumentos de navegação foram levados, sinal de uma saída às pressas, em meio a uma situação de desespero — e não um ato planejado. Inclusive, a tampa da caixa de vidro que guardava a bússola estava trincada, mas não havia terminado de ser aberta, como se a pessoa tivesse desistido no meio da ação.
É aqui que o enigma faz um círculo completo: porque os tripulantes estariam em desespero se o veleiro não corria risco de afundar?
Até foi encontrada água no porão, mas eram apenas onze pés, o que estava longe de apresentar uma ameaça para um navio daquele porte. Também vale mencionar que não foram encontrados sinais de brigas ou focos de incêndio.
Especulações
Mais tarde, quando Morehouse tentou conseguir algum dinheiro pelo resgate da embarcação abandonada, que fora conduzida por ele com muita dificuldade até o porto mais próximo, o relatório do procurador-geral responsável pela audiência mencionou manchas de sangue e arranhões no casco do veleiro que teriam sido causados por um machado.
A teoria elaborada então seria de que ocorrera um motim dos tripulantes contra o capitão, ou então um encontro com piratas; ignorando a ausência de evidências indicando brigas.
Essa especulação foi derrubada definitivamente pela verificação científica de que as manchas não eram de sangue, e os arranhões tinham causas naturais. A carga de álcool desnaturado do Mary Celeste também estaria intacta, o que também não faria sentido dentro dessa explicação.
Outra hipótese levantada foi de que o capitão da embarcação norte-americana teria entrado em pânico em meio a uma tempestade ou tromba d’água, julgando que a água do porão estava enchendo muito mais rapidamente do que de fato estava.
Vale dizer aqui também que o capitão Benjamin Briggs seria um marinheiro experiente, o que coloca em questionamento a ideia de que o mesmo teria sido movido por um medo irracional.
Como o mistério continuou em aberto, o caso do Mary Celeste inevitavelmente ganhou outras interpretações ao longo dos anos, muitas delas sobrenaturais. Lulas gigantes e outros monstros marítimos apareceram em algumas das lendas envolvendo o veleiro. Criaturas assustadoras o suficiente para fazer uma tripulação abandonar um navio em bom estado às pressas.