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Quando Hitler direcionou o olhar para fora das fronteiras da Alemanha
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Quando Hitler direcionou o olhar para fora das fronteiras da Alemanha

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Aventuras Na História
14/03/2023 19h15
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©Arquivo Nacional dos EUA em Washington, DC
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Hitler teve sorte ao assumir o governo da Alemanha em 1933. A Alemanha, humilhada e espoliada pelos aliados da 1ª Grande Guerra, sofreu com os efeitos da grande crise econômica de 1929 que soterrou de vez a economia, deixando milhões desempregados. Entretanto, Roosevelt, que se tornou presidente dos EUA também em 1933, logo lançaria o New Deal, e a economia do mundo, inclusive da Alemanha, se ergueria do fundo do poço.

Acrescente-se a militarização do país que Hitler efetuou, com a indústria de armamentos a pleno vapor. O desemprego evaporou. Sorte também foi a liderança política pusilânime e fraca da Inglaterra e da Franca, que permitiu sem reagir às atitudes agressivas e ilegais de Hitler em relação a remilitarização da Renânia e a suspensão do pagamento das indenizações devidas (aliás injustas e abusivas) aos adversários da Primeira Guerra Mundial.

Fora das fronteiras

Reestabilizada a ordem no país, a economia nos eixos e já visto como um ídolo do povo alemão, Hitler verteu seu olhar para fora das fronteiras da Alemanha. Em abril de 1938, invadiu a Áustria a fim de terminar, dizia, a obra de Bismark de unificar a Alemanha. Foi recebido com entusiasmo pelo povo austríaco, com exceção dos judeus e de arianos e patriotas de visão mais esclarecida. (Lembram-se da família Trapp do filme “A Noviça Rebelde”?).

Em novembro de 1938, na "Noite dos Cristais" o nazismo mostrou suas garras assassinando judeus em massa, em plena luz do dia nas cidades alemãs, com pouca oposição por parte da população. Iniciou-se então o Holocausto, o crime mais hediondo de toda história humana, pois, aliou a ferocidade do ódio à tecnologia, fruto da Revolução Industrial.

Em maio do mesmo ano, um acontecimento magno da época: eu nasci. Primeiro filho de uma família da alta burguesia judia, minha mãe contava depois que, deitada no leito hospitalar, ela recebia os visitantes, a maioria judeus e eles conversavam alvoroçados com meu pai sobre os recentes acontecimentos na Áustria e sobre o fato que, pela primeira vez, a Hungria teria fronteira direta com a Alemanha nazista - antes, a Áustria constituía estado tampão entre os dois países.

 

A enfermeira chegava com o bebê (eu) para ser exibido. Algumas das visitas vertiam um rápido olhar de obrigação para "a maravilha" sua majestade, o recém-nascido. Diziam um “bonitinho” perfunctório e voltaram a falar sobre o perigo do nazismo. Mamãe ficava extremamente frustrada com a preferência que as pessoas davam a Hitler em detrimento de seu primogênito.

Falava-se muito em emigrar, deixar o continente malfadado para trás, começar nova vida na Austrália ou no Canadá e até mesmo, quem sabe, na América do Sul. Mas só era possível sair do país com a roupa do corpo e sem conhecer línguas e costumes, indigentes, sem conhecer ninguém na nova pátria, de que jeito constituir uma nova existência? Poucos ousaram. E sobreviveram.

No fim, não deu outra. Seis anos depois que nasci, o exército alemão invadiu a Hungria e deu início ao horror do Holocausto. Aproximadamente metade dos judeus do país foi exterminado – incluindo meu pai e sua numerosa família. Sobraram apenas eu e minha mãe. Muito mais por sorte do que por mérito.

Hoje faço parte da ONG internacional StandWithUs Brasil cuja finalidade é combater a intolerância. Ministramos palestras e aulas em escolas, faculdades e demais entidades, gratuitamente, para inocular todos contra a praga da intolerância. No Brasil, especificamente, a cabeça hedionda do ódio tem se erguido com frequência alarmante com a recente polarização ideológica.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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