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Se Lee Oswald foi um bode expiatório, quem poderia ter matado JFK?
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Se Lee Oswald foi um bode expiatório, quem poderia ter matado JFK?

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Aventuras Na História
19/11/2023 11h00
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Quando foi preso pelo assassinato do presidente John Fitzgerald Kennedy, em 22 de novembro de 1963, há 60 anos, Lee Harvey Oswald declarou ser apenas um bode expiatório. O ex-fuzileiro jamais teve a chance de provar sua inocência, visto que acabou sendo morto por Jack Ruby dois dias depois do crime.

Em 1964, a Comissão Warren, instalada pelo presidente Lyndon B. Johnson, chegou a conclusão de que Lee Harvey havia agido sozinho. Oswald matou JFK com um rifle Mannlicher-Carcano que foi disparado do sexto andar do Texas School Book Depository, em Dallas.

Imagem CE 133-A, mostra Lee Harvey Oswald segurando o rifle que teria usado para assassinar JFK/ Crédito: Marina Oswald/Domínio Público via Wikimedia Commons

+ Conspiração para matar JFK nunca foi totalmente negada

Mas diversas controversas permearam a Comissão Warren, como a polêmica teoria da Bala Única — criada para explicar como um projétil teria causado sete ferimentos em duas pessoas (JFK e no governador do Texas John Conally).

Devido às inconsistências da Comissão e também ao fato de diversos arquivos sobre a investigação ainda estarem classificados, muitas pessoas jamais se satisfizeram com as conclusões apresentadas.

Desta forma, em 1978, foi criada outra comissão pelo governo para investigar o caso. O Comitê de Assassinatos da Câmara dos Representantes, concluiu que além de Lee Harvey Oswald, provavelmente, existiria um segundo atirador. Portanto, JFK teria sido alvo de uma "conspiração".

Essa dúvida jamais saiu da mente dos norte-americanos. Conforme mostra pesquisa encomendada pela ABC, em 2003, 70% dos americanos acreditavam que a morte de JFK foi "resultado de um complô, não o ato de um assassino solitário"; 51% pensavam que Oswald não agiu sozinho e outros 7% seque acreditavam que o ex-fuzileiro teria participado do crime.

Mas, então, quem seria responsável ou quais seriam os envolvidos na conspiração? Confira 5 teorias sobre os possíveis planos de assassinato de John Fitzgerald Kennedy!

David Ferrie, o parceiro de Oswald

Pouco após o assassinato de JFK, a polícia de Nova Orleans recebeu uma ligação um tanto quanto alarmante: um homem que se identificou como Jack Martin, um detetive particular, alegou conhecer David Ferrie, que poderia ter um papel importante na morte do presidente.

Segundo Martin, David Ferrie conhecia Lee Oswald dos tempos da Patrulha Aérea Civil e o sujeito poderia ter sido o "piloto de fuga" de Harvey no dia do crime. Por conta disso, David acabou sendo interrogado pelo FBI. Ao Serviço de Inteligência, ele admitiu ter ficado irritado com Kennedy pela falta de apoio aos rebeldes cubanos durante a Invasão da Baía dos Porcos.

David Ferrie/ Crédito: Domínio Público

Durante o interrogatório, ele chegou a reconhecer que usou uma expressão equivocada de que "[Kennedy] deveria levar um tiro", mas afirmou que estava em Nova Orleans naquele 22 de novembro de 1963.

O FBI confirmou sua versão e o liberou. No entanto, o promotor distrital de Nova Orleans, Jim Garrison, também começou a investigar o assassinato (conforme retratado no filme JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar, de 1991). Não só isso, Garrison passou a considerará-lo um de seus principais suspeitos.

Descobrimos ligações entre David Ferrie, Lee Oswald e Jack Ruby [que atirou e matou Oswald em 1963]", disse o promotor, mais tarde, à Playboy.

"Descobrimos, em suma, o que eu esperava não encontrar… a existência de uma conspiração bem organizada para assassinar John Kennedy, uma conspiração que se concretizou em Dallas, em 22 de novembro de 1963, e na qual David Ferrie desempenhou um papel vital".

Um fato curioso de toda essa história é que Jim Garrison planejava prendê-lo — algo que não aconteceu devido à morte precoce de Ferrie em 22 de fevereiro de 1967, quando ele tinha 47 anos, vítima de uma ruptura de um vaso cerebral.

Curiosamente, apesar das causas naturais, os investigadores encontraram notas de suicídio no local onde seu corpo estava. "Suponho que pode ser apenas uma estranha coincidência que na noite em que Ferrie escreveu duas notas de suicídio, ele morreu de causas naturais", relembrou Garrison.


Clay Shaw, o único julgado

David Ferrie não foi o único suspeito investigado por Garrison: o promotor também acreditava que Clay Shaw tinha ligações com os assassinos do presidente. Shaw, inclusive, foi a única pessoa levada a julgamento pelo caso. Ele seria o homem identificado como Clay Bertrand no relatório da Comissão Warren.

Segundo o The New York Times, Jim acreditava que o sujeito havia trabalhado junto de Oswald e David numa conspiração para matar JFK. Como os dois outros nomes estavam mortos, Shaw passou a ser o centro das investigações.

Em 1969, aliás, Clay Shaw chegou a ir a julgamento — que foi considerado um circo e uma ação homofóbica, afinal, o suspeito era gay e, a certa altura, Garrison especulou que o assassino do presidente agiu com uma forte "emoção homossexual".

Clay Shaw/ Crédito: The U.S. National Archives and Records Administration

Grande parte do julgamento foi focado na orientação sexual de Shaw. Além disso, recorda o NYT, as testemunhas também não inspiraram confiança: um viciado em heroína; um vendedor de seguros que depôs após passar por hipnose e até mesmo um homem que alegou ser reencarnação de Júlio César. No fim das contas, Clay Shaw foi absolvido.

Mais tarde, o sujeito chamou seu julgamento de "um dos episódios mais sórdidos e mesquinhos da história judicial americana". No entanto, Jim Garrison não estava totalmente errado ao crer que o homem escondia algo; anos mais tarde foi revelado que Shaw era um informante do programa Domestic Contact Service (DCS) da CIA.


Carlos Marcello, o mafioso rancoroso

Na década de 1960, os irmão Kennedy, John e Robert (Bobby), iniciaram uma repressão sem precedentes ao crime organizado. Naquela época, Bobby, então procurador-geral, havia dado uma atenção especial a Carlos Marcello, chefe da máfia em Nova Orleans.

Além do mais, como Marcello não era um cidadão norte-americano — ele era um tunisiano filho de pais italianos —, Bobby conseguiu deportá-lo para a Guatemala em abril de 1961; visto que o sujeito também tinha uma falsa cidadania guatemalteca.

+ Inimigo declarado dos Kennedy: Carlos Marcello, o mafioso que abalou Nova Orleans

Carlos Marcello em 1980/ Crédito: Getty Images

Conforme aponta a NBC News, o mafioso foi forçado a caminhar pela selva do país americano com seus sapatos Gucci. Dali em diante, ele passou a ter apenas uma coisa em mente: o desejo por vingança.

Marcello teria afirmado a membros da organização, conforme recorda o All That Interesting, que não apenas "cuidaria" de Bobby Kennedy, mas também encontraria um "louco" para matar John F. Kennedy. Em setembro de 1962, ele também afirmou: "Não se preocupe com aquele filho da put* do Bobby. Ele vai ter o cuidado que merece".

Um ponto curioso desta história é que o chefe da máfia conhecia David Ferrie. Visto isso, o Comitê de Assassinatos da Câmara dos Representantes determinou, em 1979, que existiam "associações confiáveis ​​​​relacionando Lee Harvey Oswald e Jack Ruby a figuras que tinham um relacionamento, embora tênue, com a família ou organização criminosa de Marcello".

O Comitê também reconheceu que "Marcello tinha o motivo, os meios e a oportunidade para assassinar o Presidente John F. Kennedy", embora não tenha conseguido encontrar provas do seu papel no assassinato.

Entretanto, o mafioso teria admitido sua participação no crime, segundo o autor Lamar Waldron, que publicou The Hidden History of the JFK Assassination, em 2013. A confissão teria sido feita a um companheiro de cela — que seria um informante do FBI que cumpria pena na prisão federal na década de 1980.

Sim, mandei matar o filho da put*", teria dito Marcello. "Estou feliz por ter feito isso. Me desculpe, eu não poderia ter feito isso sozinho."

Santo Trafficante Jr., o outro mafioso

Carlos Marcello, porém, não é o único mafioso que pode ter participado do assassinato de JFK. Santo Trafficante Jr. também teria ligações com o crime. De acordo com Frank Ragano, advogado de Trafficante e Jimmy Hoffa, Marcello era o "planejador central" e Trafficante e Hoffa forneceram "os atiradores".

Um ponto curioso é que Trafficante também tinha rancor dos irmãos Kennedy. Ao The Washington Post, na década de 1960, Ronald Goldfarb, advogado que trabalhou para Bobby Kennedy, escreveu que Santo estava furioso pelo fato de sua esposa ter sido intimada perante um grande júri federal. 

Mugshot de Santo Trafficante Jr./ Crédito: Domínio Público

Sendo assim, quando Jimmy Hoffa levantou a ideia de assassinar JFK, Trafficante topou na hora: "Isso tem que ser feito", aponta Ragano. Com isso, Santo e Marcello passaram a planejar o ato. Antes do assassinato, Trafficante teria dito a um informante do FBI que "[John Kennedy] não iria chegar às eleições [de 1964]. Ele seria atingido."

Esse informante, porém, acabou sendo assassinado. O mesmo destino teve o mafioso Johnny Roselli, que alegou que Marcello e Trafficante planejaram o assassinato junto de Sam Giancana.

Conforme observa Goldfarb, Trafficante também supostamente brindado à morte do presidente com Ragano, brincando: "Nossos problemas acabaram. Espero que Jimmy esteja feliz agora."

Mais tarde, Trafficante supostamente disse a Ragano em seu leito de morte, em 1987, que a Máfia eliminou Hoffa. Surpreendentemente, ele também teria afirmado: "Carlos [Marcello] estragou tudo. Não deveríamos ter matado John. Devíamos ter matado Bobby".

+ Enigmático desaparecimento: O que aconteceu com Jimmy Hoffa?

Um ponto curioso disso tudo é que, na década de 1960, a CIA teria recrutado Giancana e Trafficante para um plano de matar Fidel Castro. Em interrogatório ao Comitê de Assassinatos da Câmara dos Representantes, Trafficante confirmou a história, alegando: "Pensei que estava ajudando o governo dos Estados Unidos".

Dito isso, apesar das especulações e teorias, a única resposta oficial permanece a mesma: Lee Harvey Oswald agiu sozinho e foi o único responsável pelo assassinato de John Fitzgerald Kennedy em 22 de novembro de 1963.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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