Seca severa teria encorajado hunos a atacar o Império Romano
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Os hunos eram agricultores e pastores da Eurásia, marcados pelo nomadismo. Como eles passaram disso para invasores violentos que deram o pontapé na queda do Império Romano? Um novo estudo aponta para mudanças climáticas severas como as responsáveis. As informações são da revista Planeta.
Publicado na revista Journal of Roman Archeology, da Universidade de Cambridge, o estudo argumenta que períodos de seca extrema entre 430 e 450 d.C. interromperam o modo de vida dos hunos nas províncias fronteiriças do rio Danúbio, onde era o Império Romano Oriental, o que os forçou a sair de lá e adotar novas estratégias frente aos desafios econômicos e de sobrevivência que a seca trazia.
Uma nova reconstrução hidroclimática do período, baseada em anéis de árvores, e evidências arqueológicas e históricas levaram os professores Susanne Hakenbeck e Ulf Büntgen a chegar à conclusão do estudo. Essas flutuações climáticas reduziram o rendimento das colheitas e das áreas de pastagens para os animais.
De pastores a invasores
Os dados dos anéis das árvores proporcionam a oportunidade de vincular as condições climáticas à atividade humana ano a ano, como explica o geógrafo Büntgen. Se a datação atual estiver correta, as incursões hunas mais devastadoras, que se deram em 447, 451 e 452 d.C., coincidiram com verões muito secos na Bacia dos Cárpatos.
A arqueóloga Hakenbeck explica que a escassez extrema de recursos pode ter forçado os hunos a se mudar e diversificar suas práticas econômicas. Isso traz mais nuances para a visão popular dos hunos, de bárbaros violentos movidos por uma grande sede de ouro. Essa visão foi construída principalmente em cima de documentos escritos pela elite romana, que tinha pouca experiência direta com os hunos.
Hakenbeck ainda disse que esse exemplo “mostra que as pessoas respondem ao estresse climático de maneiras complexas e imprevisíveis”, o que pode ter levado pastores a virar invasores liderados pelo famoso Átila, o Huno.