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Travessia de Moisés pelo Mar Vermelho pode não ter sido um milagre
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Travessia de Moisés pelo Mar Vermelho pode não ter sido um milagre

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Aventuras Na História
10/03/2025 17h30
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Cristãos e judeus consideram a abertura do Mar Vermelho, por Moisés, como um dos milagres mais impressionantes de Deus. Mas agora, 3.500 anos depois, cientistas apontam que o evento talvez não tenha sofrido nenhuma intervenção divina

A história bíblica relata que Moisés, um profeta de Deus, ordenou que as águas mais profundas do Mar Vermelho abrissem caminho para que os israelitas fugissem de um faraó egípcio opressor — cujas tropas logo foram varridas pelas ondas que se aproximavam.

Mas especialistas do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica apontam que, não necessariamente, isso se tratou de uma intervenção divina. Eles alegam que ventos soprando na velocidade e no ângulo certos poderiam ter aberto um canal, permitindo que as pessoas passassem a pé — e, posteriormente, engolindo qualquer um que estivesse em seus calcanhares quando os ventos se afastassem, com a força de um tsunami.

A travessia do Mar Vermelho é um fenômeno sobrenatural que incorpora um componente natural — o milagre está no momento certo", aponta o oceanógrafo Carl Drews ao Daily Mail. 

Milagre explicado

Usando modelagem computacional, os pesquisadores apontaram que seria necessário um vento forte de 100 km/h, soprando na direção certa, para ser possível abrir um canal de 5 quilômetros de largura através das águas. E conforme o vento fosse diminuindo, as águas teriam retornado na velocidade de um tsunami. 

"Quando um vento forte sopra para o sul a partir da cabeceira do Golfo por cerca de um dia, a água é empurrada para o mar, expondo assim o fundo que antes estava submerso", explica Nathan Paldor, um cientista oceânico da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Um ponto importante dessa passagem bíblica é que os relatos apontam que a abertura de Moisés do Mar Vermelho ocorreu no Golfo de Aqaba, que separa a Península do Sinai, no Egito, da Arábia Saudita e do sul da Jordânia. 

Esta seção do Mar Vermelho é uma das mais profundas — com uma média de 900 metros de profundidade, mas com pontos mais fundos que podem alcançar os 1.850 metros. Assim, com seu fundo irregular, atravessar a região a pé seria quase impossível; mesmo com a ajuda divina, apontam os estudiosos. 

No entanto, pesquisas geológicas refutam esses relatos, pois ventos com força de tempestade não poderiam ajudar as pessoas a atravessar o traiçoeiro Golfo de Aqaba. Em vez disso, os arqueólogos levantaram hipóteses de locais alternativos para um evento climático extremo que poderia abrir caminho para o milagre. 

Um dos locais mais prováveis estaria localizado entre o Egito continental e a península, o Golfo de Suez, que tem apenas 30 metros de profundidade e um fundo relativamente plano, que as marés fortes nessa seção costumam expor.

A travessia do Golfo de Suez não é só possível como já aconteceu. Afinal, em 1789, Napoleão Bonaparte liderou um pequeno grupo de soldados a cavalo que atravessou uma seção do local durante a maré baixa. 

Na manhã do dia 28, cruzamos o Mar Vermelho a pé enxuto", escreveu Louis-Antoine Fauvelet de Bourrienne, secretário particular de Napoleão. 

Vale ressaltar que, assim como as tropas do faraó, os homens de Napoleão quase foram engolidos pelas águas, quando marés de cerca de três metros voltaram subitamente pelo canal. 

Bruce Parker, ex-cientista-chefe da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, acredita que Moisés usou seu conhecimento das marés para tirar os israelitas do Egito.

"Moisés viveu no deserto próximo em seus primeiros anos, e ele sabia onde as caravanas cruzavam o Mar Vermelho na maré baixa", escreveu Park para o The Wall Street Journal em 2014. "Ele conhecia o céu noturno e os métodos antigos de previsão da maré, com base em onde a lua estava acima e quão cheia ela estava".

Enquanto isso, os homens do faraó viviam no Rio Nilo, sem maré, e não tinham conhecimento dos perigos do Mar Vermelho — o que os levou a serem pegos de surpresa quando a maré retornou.  

Entretanto, a teoria de Suez não pode apoiar a afirmação do Livro do Êxodo de que ventos do leste sopraram para abrir o mar — visto que os cálculos apontam que os ventos teriam que soprar do noroeste.

Em um relatório publicado na PLOS One, em 2010, o oceanógrafo Carl Drews propôs o Lago de Tannis, no Delta do Nilo, como o local mais plausível para o evento bíblico, correspondendo com as traduções da Bíblia Hebraica que aponta que os israelitas cruzaram o 'yam suf' — que, embora traduzido como Mar Vermelho, seria, na verdade, o Mar 'Juncos' (uma referência à planta aquática que cresce nas águas salobras do Delta do Nilo). 

"Modelagem oceânica e um relatório de 1882 mostram que ventos fortes sobre o delta oriental do Nilo levarão dois metros de água, expondo temporariamente terra seca", disse o pesquisador dos oceanos, graças à estrutura única do lago que fornece "mecanismo hidráulico para a divisão das águas".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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