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Vitória de Donald Trump representa 'risco de turbulências', avalia professor
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Vitória de Donald Trump representa 'risco de turbulências', avalia professor

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Aventuras Na História
08/11/2024 21h00
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©Getty Images
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Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 6, e voltará à Casa Branca após quatro anos para um segundo mandato. Segundo Francisco Nascimento, professor de Direito Internacional da Estácio, a vitória do republicano representa "um risco de turbulências". 

Em seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, "Trump adotou uma abordagem que priorizava o nacionalismo econômico, manifestando-se de maneira contundente contra instituições internacionais e acordos multilaterais, como a OTAN, a ONU, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)". 

Para Nascimento, esta "visão nacionalista sobre a economia" pode gerar conflitos comerciais com países como China e membros da União Europeia.

Tarifas sobre produtos e disputas comerciais com grandes economias parecem ser inevitáveis. Trump tende a aumentar as tarifas de importação entre 10% e 20% para todos os produtos que entram nos Estados Unidos, até 60% para os procedentes da China e, até mesmo, 200% para bens específicos. Isso pode afetar a economia global e criar instabilidade no mercado financeiro", destaca.

Segundo pesquisadores da Tax Foundationas, as tarifas de importação "podem provocar um aumento anual de 525 bilhões de dólares nos impostos dos americanos e reduzir o PIB em 0,8 ponto percentual, com o qual se destruiria 684.000 postos de trabalho". 

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Donald Trump / Crédito: Getty Images

Política externa

O professor também considera provável que Trump construa laços com países que compartilham sua visão de mundo, "seja por alinhamento ideológico ou por interesses estratégicos em antagonizar potências ocidentais tradicionais", como é o caso da Argentina e Rússia

"O presidente argentino Javier Milei tem mostrado proximidade com as ideias conservadoras mais radicais, o que pode aproximar os dois países em temas como política econômica e estratégias de isolamento de instituições multilaterais latino-americanas, como o Mercosul", afirma Nascimento.

Milei tem buscado ser o referente de Trump na América Latina, ofuscando a liderança do Brasil. Na próxima semana, ele estará em Mar-a-Lago, onde foi convidado para falar na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) e para se reunir com Trump, o vice-presidente eleito James David Vance e o possível secretário de Estado, Ric Grenell.

"Já em relação à Rússia, embora ambos os países tenham uma longa história de rivalidade, Trump já demonstrou simpatia pelo presidente Vladimir Putin e, caso busque um realinhamento, isso poderia gerar tensões com a Europa e com o próprio sistema da OTAN", além de uma "redução drástica no apoio dos EUA a Ucrânia". 

Putin, por sua vez, parabenizou Trump pela vitória nas eleições presidenciais e afirmou que as promessas do republicano de encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia "merecem atenção".

Vladimir Putin e Donald Trump em 2019 / Wikimedia Commons via Presidential Press and Information Office
Javier Milei e Donald Trump se encontraram em fevereiro deste ano

Imigração

Ao longo da campanha, Trump se comprometeu a implementar uma repressão agressiva à imigração, incluindo a promessa de deportar um número recorde de imigrantes, com operações que, segundo JD Vance, poderiam retirar até 1 milhão de pessoas do país anualmente.

No entanto, segundo Nascimento, entende-se que expulsar tantas pessoas do país implicaria uma série de desafios jurídicos e até práticos, uma vez que os migrantes que estão ilegalmente no país têm direito ao devido processo, incluindo uma audiência judicial antes de serem removidos. 

Um aumento drástico nas deportações envolveria provavelmente primeiro a expansão do sistema judicial de migração, que atualmente está saturado e com atrasos na resolução de casos, além dos processos judiciais que se espera que isso gere entre organizações de direitos humanos. Ademais, especialistas em economia estimam o custo de manter um plano como o proposto por Trump em cerca de 100 bilhões de dólares", avalia o professor. 

E o Brasil?

Para Nascimento, a forma de fazer política externa de Trump consiste em se "aproximar de países e líderes que aceitem sua liderança, mesmo não sendo da mesma ala política". 

Não há garantia de que a relação seria ruim, até porque o Presidente Lula, em diversos momentos, busca aproximação com líderes que não são exatamente de esquerda. Neste sentido, há uma certa facilidade entre os dois países em prover o diálogo".

Porém, o professor ressalta que a proposta de Trump de taxar em 20% todas as importações que vão para os Estados Unidos "pode afetar alguns setores que já estão estabelecidos e, desta forma, ter um impacto negativo".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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