Arcebispo proíbe padre Júlio Lancelotti de transmitir missas nas redes sociais
Contigo!
Uma orientação interna da Arquidiocese de São Paulo provocou debate entre fiéis e integrantes da Igreja Católica nos últimos dias. O cardeal arcebispo dom Odilo Scherer determinou que o padre Júlio Lancelotti interrompa imediatamente as transmissões de missas ao vivo e suspenda sua atuação nas redes sociais. A decisão foi comunicada diretamente ao religioso, que atua há mais de quatro décadas na Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, e passou a ser comentada amplamente entre sacerdotes e lideranças eclesiásticas.
Durante uma celebração transmitida no domingo (14), Júlio Lancelotti informou aos fiéis que aquela poderia ser uma das últimas missas exibidas publicamente. As transmissões vinham ocorrendo por meio da Rede TVT e de plataformas como o YouTube. Segundo o próprio padre, a orientação partiu pessoalmente do cardeal. “Dom Odilo me pediu para dar um tempo. Ele acha que é uma forma de recolhimento e de proteção”, afirmou. Ao ser questionado sobre sua reação à decisão, foi categórico: “Tenho apenas que obedecer”.
Dói demais ver o Padre Júlio Lancelotti anunciar o fim das transmissões das missas e ser impedido de usar as redes. Depois de quase 40 anos na paróquia, ele deve ser transferido após virar alvo constante de ataques de parlamentares da direita. pic.twitter.com/GDvAyT232K
— Bruno Guzzo® (@brunoguzzo) December 16, 2025
Pressões políticas
Conhecido nacionalmente pelo trabalho pastoral com pessoas em situação de rua, Júlio Lancelotti tem sido alvo frequente de críticas de setores políticos conservadores. Recentemente, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) divulgou um vídeo afirmando ter levado à Embaixada do Vaticano um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas pedindo o afastamento do padre de suas funções religiosas. Paralelamente, passou a circular a informação de que ele poderia ser retirado da paróquia onde atua. Sobre isso, o religioso negou qualquer decisão formal. “Isso ainda não aconteceu”, disse.
O padre também explicou que as normas da Igreja preveem a aposentadoria de sacerdotes a partir dos 75 anos. Prestes a completar 77, ele ressaltou que a regra não é automática. “Há padres que permanecem em suas funções por muito mais tempo, alguns depois de completar 80, 90 anos”, afirmou, acrescentando: “Depende da necessidade da Igreja”. Até o momento, dom Odilo Scherer não oficializou qualquer afastamento definitivo, mantendo indefinido o futuro de Júlio Lancelotti na Arquidiocese paulistana.
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