Americanas oferece pacote de benefícios a executivos delatores
ICARO Media Group TITAN
A Americanas firmou um acordo com dois executivos que colaboraram com as investigações da fraude fiscal na varejista, Flávia Carneiro e Marcelo Nunes, oferecendo um pacote de benefícios que inclui dez anos de salários, mensalidades educacionais dos filhos e plano de saúde. Além disso, a empresa se comprometeu a cobrir os honorários advocatícios dos delatores. A revelação dessas informações foi inicialmente feita pela Folha de S.Paulo e mantida em sigilo pela varejista.
O acordo foi aprovado em reunião do conselho de administração da Americanas, porém a ata dessa reunião não foi divulgada até que a defesa de ex-diretores investigados questionasse os valores e pedisse à Justiça a publicação dos detalhes do acordo. Conforme as informações, os valores dos salários anuais dos executivos beneficiados não foram revelados mas, segundo a Folha, Marcelo Nunes recebia em torno de R$1 milhão por ano, fora bônus.
O pacote de benefícios abrange não só as mensalidades escolares dos filhos dos delatores, que frequentavam instituições de ensino do mesmo padrão antes da rescisão do contrato, mas também estende o plano de saúde aos filhos e cônjuges. O advogado da Americanas justificou o sigilo afirmando que, segundo a lei, qualquer colaboração deve permanecer confidencial até determinação do Ministério Público Federal. Ainda segundo o advogado, a decisão de firmar o acordo com os delatores tem como base precedentes de grandes empresas e a necessidade de reconstituir o balanço da companhia.
Esse tipo de acordo, chamado de Programa de Incentivo à Colaboração (PIC), é tratado como uma forma de indenização ao delator e ficou conhecido no Brasil durante a operação Lava Jato, sendo chamado popularmente de "bolsa delação" ou "salário pós-delação". A prática gerou polêmica desde então e foi criticada, na época, por acionistas das empresas investigadas e pelas defesas dos acusados nos processos, que questionaram a credibilidade das delações de ex-executivos que recebiam compensações milionárias.
O ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali são apontados como participantes de uma das maiores fraudes da história do mercado financeiro do Brasil. Os valores envolvidos giram em torno de R$25,3 bilhões. Entre os crimes apurados na investigação pela Polícia Federal estão manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Os dois ex-executivos da varejista são considerados foragidos e tiveram seus nomes incluídos na lista de procurados da Interpol. Gutierrez mora na Espanha e Saicali em Portugal.
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