Audiência de Fraude Fiscal de Trump é interrompida em confronto com juiz

Na tarde desta segunda-feira (6), a audiência de fraude fiscal do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um tribunal de Nova York, foi marcada pelos ânimos acirrados. 

Diante das respostas evasivas, irônicas e carregadas de tons políticos de Trump, o juiz Arthur Engoron teve que intervir repetidamente, chegando até a ameaçar controlar diretamente o ex-presidente caso seu advogado não o fizesse.

Após uma sequência de advertências, o juiz Engoron pediu ao advogado de Trump, Chris Kise, que controlasse seu cliente. A audiência chegou a ser interrompida por 15 minutos para que os ânimos se acalmassem. Engoron orientou Trump a responder adequadamente às perguntas, lembrando-lhe que aquele era um tribunal e não um comício político.

Trump foi convocado como testemunha em um julgamento de fraude civil no valor de US$ 250 milhões. Ele é acusado de inflacionar deliberadamente seu patrimônio líquido para obter vantagens financeiras junto a bancos e seguradoras.

Durante a audiência, Trump foi confrontado com a citação de um artigo da revista Forbes, no qual afirmou que ter um patrimônio líquido alto era bom e que isso facilitava o financiamento. O procurador do estado, Kevin Wallace, questionou se suas declarações à Forbes eram precisas ou se haviam sido citadas erroneamente. O ex-presidente respondeu desmerecendo a Forbes, afirmando que a revista era "propriedade da China" e que tinha pouco respeito por ela.

O ex-advogado pessoal de Trump, Michael Cohen, que testemunhou no mês passado, afirmou que o ex-presidente solicitou a ele e ao CFO de suas empresas, Allen Weisselberg, que inflacionassem seu patrimônio líquido para figurar na lista de bilionários da Forbes. No entanto, Trump foi removido da lista na última edição da revista.

Durante suas respostas, Trump afirmou que a avaliação de uma de suas propriedades em Wall Street estava subavaliada, o que irritou o juiz. Ele questionou o valor de US$ 550 milhões, declarando que era muito baixo e desafiou o juiz a olhar uma foto do edifício e afirmar que o valor não era maior.

Em meio às discussões do início do depoimento, Trump afirmou que aquele era "um julgamento muito injusto" e expressou esperança de que o público estivesse assistindo. Ele repetiu sua posição de perseguição política pelos procuradores e alegou que o julgamento era uma "guerra política", comparando-o a disputas em países do terceiro mundo e "repúblicas de bananas" em discurso carregado de preconceito.

O depoimento de Trump ocorre enquanto ele busca a nomeação republicana para a candidatura à presidência. Ele aproveitou a audiência para enviar um e-mail de campanha, no qual denuncia o julgamento como vergonhoso e acusa um procurador-geral extremamente anti-Trump de tentar impor uma "pena de morte corporativa" a ele e sua família.

A audiência continua e os próximos depoimentos prometem mais tensões e confrontos entre Trump e o juiz Engoron.