Infecção em mutirão de cirurgia de catarata no RN leva a perda de olhos e investigação
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Uma investigação está em curso para apurar a infecção que atingiu 15 pacientes durante um mutirão de cirurgias de catarata na cidade de Parelhas, na região Seridó potiguar (RN). A infecção resultou na remoção dos globos oculares (perda do olhos) de pelo menos oito desses pacientes. A análise abrangerá a água utilizada no hospital, o centro cirúrgico, o processo de esterilização dos equipamentos, além de outros possíveis fatores de contaminação. As autoridades de saúde de Parelhas solicitaram as análises à Subcoordenadoria de Vigilância Sanitária (Suvisa), que está conduzindo as investigações em parceria com o Laboratório Central do Rio Grande do Norte.
Os procedimentos cirúrgicos ocorreram nos dias 27 e 28 de setembro na Maternidade Dr. Graciliano Lordão, atendendo um total de 48 pacientes. Das 20 cirurgias realizadas no primeiro dia, 15 resultaram em endoftalmite, uma infecção ocular causada pela bactéria Enterobacter cloacae. Um inquérito foi instaurado para esclarecer as circunstâncias e responsabilidades no caso. Audiências foram iniciadas para ouvir técnicos, médicos e a empresa responsável pelos procedimentos.
Entre os pacientes afetados pela infecção está o aposentado Francisco André dos Santos, 71 anos, filho da vereadora Francicleide Maria de Souza, que também precisou passar por uma cirurgia de remoção do globo ocular no último sábado (12). Outro caso relatado é o da cabeleireira Izabel Maria dos Santos Souza, 63 anos, que após um ano de espera para a cirurgia de catarata, viu-se diagnosticada com a infecção que a levou à perda do olho esquerdo.
A Enterobacter cloacae é geralmente associada a alimentos contaminados. Ela costuma habitar a microbiota intestinal, pode se tornar oportunista e causar infecções em ambientes hospitalares, principalmente em pacientes imunocomprometidos.