Jimmy Chérizier: o ex-policial no centro dos conflitos no Haiti
ICARO Media Group TITAN
O Haiti vive um contexto de caos nos últimos dias. Desde então, um nome tem ganhado destaque nos noticiários: Jimmy Chérizier, também conhecido como "Barbecue". Ex-policial de 47 anos, ele lidera uma das gangues mais poderosas do país e tenta se pintar como um "Robin Hood". No entanto, tanto os Estados Unidos quanto a ONU o acusam de crimes contra a humanidade.
Jimmy Chérizier se autodenomina "protetor da população pobre" e promete lutar por justiça aos mais necessitados. Ele se apresenta como um revolucionário e promete um futuro mais justo para o país, com educação gratuita, alimentação e trabalho para todos. No entanto, sua abordagem é marcada pela força bruta, o que o torna parte da escalada da violência no Haiti.
Atualmente, mais de 300 grupos estão lutando pela supremacia nos bairros da capital haitiana, Porto Príncipe, e são as pessoas que vivem nas favelas que mais sofrem com essa situação. A ONU relata que janeiro deste ano foi o pior mês em mais de dois anos, com mais de 800 civis mortos, sequestrados ou feridos.
Barbecue se compara a ditadores caribenhos como Fidel Castro e François Duvalier. No entanto, especialistas afirmam que, se ele chegar ao poder, é pouco provável que a situação do país melhore. Günther Maihold, cientista político do Instituto para a América Latina da Universidade Livre de Berlim, destaca que Chérizier está envolvido em uma série de negócios ilegais, o que torna difícil acreditar em uma mudança repentina de sua parte.
Chérizier foi demitido da polícia no final de 2018 após ser acusado de envolvimento em vários massacres. Em 2020, ele fundou o grupo armado G9 - Família, que reúne nove gangues do país. Agora, o G9 aparentemente se uniu à gangue G-PEP para formar o movimento "Vivre Ensemble", com o objetivo de derrubar o governo do Haiti. O G9 também ameaça sabotar a missão liderada pelo Quênia que busca restaurar a segurança no país.
O apelido "Barbecue" ou "Babekyou" vem do fato de o próprio Chérizier afirmar que sua mãe vendia frango nas ruas. No entanto, há uma versão obscura que afirma que o apelido está relacionado a incêndios criminosos de casas e corpos de vítimas. Chérizier é acusada de ter cometido um dos piores massacres no bairro de La Saline, em Porto Príncipe, em 2018, que resultou na morte de mais de 70 pessoas.
Chérizier é acusado pelos Estados Unidos e pelo Conselho de Segurança da ONU de graves violações dos direitos humanos, o que resultou em diversas sanções internacionais. Além disso, ele é acusado de comandar sabotagens ao fornecimento de combustível para o país e realizar bloqueios no porto da capital haitiana, agravando ainda mais a crise humanitária já se arrasta há muitos anos.
O líder de gangue costuma dar entrevistas, muitas vezes em estilo de coletivas de imprensa. Em algumas ocasiões, ele veste terno azul claro, mas nos vídeos que circulam pela internet, geralmente aparece com um traje de estilo militar com colete à prova de balas e um fuzil no ombro. Exerce certa popularidade sendo recebido por jovens, incluindo crianças, que atuam como seu guarda-costas.
No Haiti, a realidade de jovens e até mesmo crianças sendo cooptados por gangues é alarmante. Com altos níveis de desemprego e muitos perdendo seus pais, eles se tornam presas fáceis para o recrutamento forçado. A presença de líderes de gangue como Jimmy Chérizier é o resultado desse caos, mas também contribui para perpetrar a crise humanitária e a falta de segurança no país.