Lourena Cid usou estrutura da Apex em Miami para negociar joias, aponta investigação
ICARO Media Group TITAN
O general Mauro Lourena Cid, ex-chefe do escritório brasileiro da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em Miami, está sendo acusado de utilizar indevidamente a estrutura da agência para negociar joias vendidas de forma irregular por assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro. As conclusões são fruto de uma investigação interna da Apex, que se tornou pública nesta sexta-feira (12).
Lourena Cid foi nomeado por Bolsonaro como chefe do escritório da Apex em Miami e permaneceu no cargo até o final do governo. Durante sua gestão, ele teria utilizado a estrutura da agência para recomprar as joias sauditas, conforme apontado pelas investigações. A irregularidade teria ocorrido tanto enquanto ele estava à frente do escritório, quanto posteriormente.
Em abril deste ano, após prestar depoimento à Polícia Federal (PF) no inquérito das joias sauditas, a Apex abriu uma sindicância para averiguar a gestão do general na agência. Durante o processo, foram colhidos 16 depoimentos. O relatório resultante da investigação será encaminhado à PF, ao STF e ao Tribunal de Contas da União.
De acordo com a investigação interna, Lourena Cid utilizou o celular e o notebook funcionais da Apex para registrar e compartilhar imagens das joias apresentadas ao governo brasileiro. Além disso, o general também teria aberto as portas de seu gabinete para o corretor de imóveis Cristiano Piquet, da empresa Piquet Reality, que teria auxiliado Bolsonaro em hospedagens e transportado uma mala com as joias.
Como resultado das investigações, o general da reserva do Exército foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Em seu depoimento à PF, Lourena Cid admitiu ter entregue a Bolsonaro um montante de US$ 68 mil arrecadado com a venda das joias recebidas pela Presidência.
É importante ressaltar que Lourena Cid e Bolsonaro têm uma relação antiga, pois se conheceram nos anos 1970, quando estudaram juntos na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). O filho do general, o tenente-coronel Mauro Cid, também atuava como ajudante de ordens de Bolsonaro e era seu principal auxiliar.
A ApexBrasil afirmou que uma das fotos que comprovam a utilização irregular do escritório foi tirada dentro das dependências em Miami, utilizando um celular corporativo. A obra de arte presente na imagem teria sido negociada, mas não foi concretizada a venda, pois a peça não possuía todos os componentes de ouro.
A investigação da agência também indica que Lourena Cid resistiu em devolver o notebook e o celular corporativos, sendo que os equipamentos foram devolvidos de forma irregular, depois de muita resistência, em janeiro e fevereiro deste ano.
A investigação concluiu ainda que a presença do general no escritório, mesmo após deixar o cargo, contou com o apoio ou omissão de alguns funcionários. Além disso, sua presença no escritório em janeiro de 2023, acompanhado do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, de um de seus filhos e de sua esposa, Gabriela Cid, também foi relatada à comissão da agência.
Com base nas informações obtidas, a ApexBrasil espera que as conclusões da investigação interna subsidiem as ações da Polícia Federal, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) no desdobramento deste caso que envolveu suas estruturas e recursos em Miami.
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