Mensagens indicam que Bolsonaro recebeu dinheiro vivo de empresário
ICARO Media Group TITAN
De acordo com mensagens interceptadas durante uma investigação da Polícia Federal, o então presidente Jair Bolsonaro teria recebido um envelope contendo dinheiro vivo de um familiar de um empresário do agronegócio, pouco após sua chegada aos Estados Unidos em 2022.
O empresário em questão é Paulo Junqueira, que disponibilizou uma casa para Bolsonaro se hospedar em Orlando, na Flórida. Questionado pelo UOL, Junqueira confirmou a entrega de dinheiro, mas afirmou que era para custear despesas de reparos na casa.
Em 31 de dezembro de 2022, enquanto ainda exercia a presidência, Bolsonaro recebeu a visita do genro de Junqueira, Samuel Oliveira, responsável pela entrega do dinheiro. Segundo Junqueira, Oliveira entregou algum valor para realizar reparos na casa, mas as mensagens revelam que a quantia seria irrisória.
A Polícia Federal detectou essa informação durante as investigações sobre o desvio das joias, mas não foi feita uma investigação mais aprofundada sobre esse pagamento. As mensagens foram transcritas em um inquérito tornado público nesta segunda-feira (8) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As mensagens revelam que Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, foi informado sobre a visita do genro e a entrega do dinheiro. " Compras foram feitas e a casa já está abastecida. A cobertura da área da piscina foi finalizada para garantir a privacidade. O Samuel (genro do Paulo) prefere ir encontrar o PR amanhã para entregar a encomenda", informou o funcionário da Ajudância de Ordens em uma mensagem.
No dia seguinte, Cid perguntou ao coronel Marcelo Câmara, responsável pela segurança de Bolsonaro, se houve a entrega do dinheiro. "Samuel entregou o dinheiro?", questionou Cid em uma mensagem, sem deixar claro se foi um cartão de visitas ou um cartão de crédito. O coronel Marcelo confirmou a entrega e afirmou que ficaria com parte do dinheiro "para controle" e que cumpriria demandas da primeira-dama Michelle.
O relatório pericial da Polícia Federal concluiu: "Diante dessas conversas entre Mauro Cid, Daniel Luccas e Marcelo Câmara, ficou evidente que Samuel entregaria uma encomenda (dinheiro) para o ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda no ano 2022, enquanto ainda exercia o cargo de Presidente da República do Brasil".
Inicialmente, Paulo Junqueira, presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, confirmou que seu genro fez pagamentos para a equipe de Bolsonaro, mas posteriormente afirmou que não ordenou a entrega de dinheiro para o ex-presidente. "Eu cedi o imóvel pra ele ficar, ele não foi pro meu imóvel no início da temporada que ele teve lá, ele ficou num outro imóvel", declarou Junqueira.
Junqueira afirmou estar à disposição para prestar esclarecimentos caso a Polícia Federal investigue esse ponto. Por outro lado, a defesa de Jair Bolsonaro ainda está analisando os autos da investigação e não se pronunciou sobre as mensagens reveladoras.
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