Condenação dos assassinos de Marielle ainda é insuficiente, dizem especialistas da ONU
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Genebra, 6 nov (EFE).- A recente condenação dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes é um marco na luta contra a discriminação e a violência, mas "a luta por justiça plena ainda não acabou”, alertaram especialistas da ONU nesta quarta-feira.
“As recentes condenações são um importante ponto de mudança, mas a luta por justiça ainda não acabou. Outros autores envolvidos no planejamento e acobertamento dos assassinatos também devem ser responsabilizados", disseram 18 relatores especiais e outros especialistas da ONU em uma declaração conjunta.
Portanto, “as investigações devem continuar de acordo com padrões internacionais, incluindo o Protocolo de Minnesota sobre a Investigação de Mortes Potencialmente Ilícitas (2016)" e "as famílias também devem receber soluções”, acrescentaram os especialistas, incluindo a relatora especial sobre violência contra mulheres e meninas, causas e consequências, Reem Alsalem, e o relator especial sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias sobre execuções extrajudiciais, Morris Tidball-Binz.
No entanto, eles enalteceram o veredicto, enfatizando que a resolução “dá esperança às vítimas de discriminação estrutural e violência no Brasil”.
"As condenações de dois perpetradores é um passo importante na longa luta de suas famílias por responsabilização e justiça. Além disso, também são um marco na luta mais ampla contra a impunidade generalizada pela violência no Brasil", comentaram.
Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos a tiros em 2018, e os autores confessos do crime, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, foram condenados em 31 de outubro a 78 e 59 anos de prisão, respectivamente.
"Marielle se manifestava contra o racismo sistêmico, a discriminação estrutural e a brutalidade policial. Ela mesma havia sido submetida a difícil interseção entre misoginia, racismo, classismo e preconceito com base na orientação sexual”, destacaram os especialistas. EFE
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