França busca aliados europeus para ativar veto ao acordo UE-Mercosul
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Paris, 8 nov (EFE).- A França está trabalhando “ativamente” para reunir outros países europeus e ativar um mecanismo de veto que impeça a aprovação por parte da União Europeia (UE) do acordo de livre comércio com o Mercosul, ao qual se opõe “frontalmente” por considerá-lo muito prejudicial para seus agricultores.
A ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, afirmou nesta sexta-feira que seu país está tentando convencer “um máximo de países” a estabelecer este dispositivo de veto e citou Bélgica, Bulgária, Áustria, Irlanda e “talvez Itália”.
Em entrevista à emissora “France Info”, Genevard destacou que o primeiro-ministro francês, Michel Barnier, que conhece os mecanismos internos da UE, uma vez que foi comissário europeu, “trabalha ativamente” e nos próximos dias abordará o assunto com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
A Comissão Europeia indicou nas últimas semanas que está avançando a possibilidade de adotar este pacto comercial que está atolado desde o acordo no início de 2019.
A ministra francesa queixou-se de que Von der Leyen quer dividi-lo em dois para evitar que os parlamentos nacionais dos 27 países da UE tenham de debater.
Quanto às razões pelas quais a França é "absolutamente hostil", disse primeiro que o acordo iria provocar uma "concorrência totalmente desleal" que iria colidir diretamente com "nossas próprias produções" e com as normas ambientais e sociais francesas e europeias.
Como exemplo, afirmou que 27% dos produtos fitossanitários utilizados nos países do Mercosul são proibidos na UE.
Além disso, apontou que, se o acordo for adiante, chegarão do Mercosul 99 mil toneladas de carne bovina, 100 mil toneladas de frango e 100 mil toneladas de açúcar.
Questionada se a França se opõe a qualquer acordo com o Mercosul ou especificamente ao assinado em 2019, que teria de ser reformado para ser aceito, a resposta da ministra foi um lacônico “não sei”.
Genevard acrescentou que, em qualquer caso, uma negociação “não pode ser feita sob a forma de compensação financeira” para os agricultores, que o que querem mesmo é produzir e competir “com as mesmas armas”. EFE