Nissan Motor anuncia corte de 9 mil postos de trabalho em todo o mundo
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Tóquio, 7 nov (EFE).- A montadora japonesa de automóveis Nissan Motor anunciou, nesta quinta-feira, um corte de 9 mil postos de trabalho em todo o mundo e uma redução de sua capacidade de produção em 20%, com o objetivo de melhorar sua liquidez e rentabilidade após o acentuado agravamento de seus resultados financeiros semestrais.
O segundo maior fabricante japonês do setor e membro da aliança com Renault e Mitsubishi tornou públicas estas medidas de reestruturação durante a apresentação de seus resultados de abril a setembro, que refletem uma queda no seu lucro líquido de 93,5% em comparação ao mesmo semestre do ano passado.
A Nissan realizará esta ampla reestruturação de suas operações “com vista a tornar-se mais forte, mais resiliente e adaptável para o futuro”, segundo o presidente e CEO da empresa, Makoto Uchida, em entrevista coletiva.
REDUÇÃO DE 7% DOS POSTOS DE TRABALHO
Uchida não deu detalhes sobre quais países ou quando exatamente ocorrerá esse corte, e afirmou que o nível de produção de cada região onde atua será “revisado e discutido”.
A Nissan emprega cerca de 130 mil funcionários em todo o mundo, portanto a redução de 9 mil empregos significaria uma demissão de aproximadamente 7%.
Na América Latina, a Nissan Motor possui três fábricas de produção de veículos no México, uma no Brasil e outra na Argentina, esta última compartilhada com sua parceira Renault, segundo dados disponibilizados pela empresa em seu site.
O responsável da Nissan Motor anunciou ainda que haverá mudanças na liderança da empresa que ocorrerão nos próximos meses, bem como cortes na remuneração dos seus executivos seniores - de 50% no caso do próprio CEO -, como resultado dos resultados negativos apresentados hoje.
A empresa também venderá um décimo de sua participação na parceira Mitsubishi Motors, da qual até agora detinha 34,01% como parte do esquema de propriedade cruzada na aliança tripartida.
“Não vamos apequenar nossa empresa, mas sim torná-la mais ágil e adaptável a um ambiente de negócios em rápida mudança”, disse Uchida, que também admitiu que a Nissan Motor “não foi capaz de se adaptar aos tempos” ou “capaz de ser rápido o suficiente".
VENDAS CAEM E CUSTOS AUMENTAM
O CEO e presidente se referiu especificamente a “um mercado cada vez mais difícil e com mais concorrentes”, ao aumento do preço das matérias-primas, à escassez de semicondutores ou a um plano de vendas da empresa “excessivamente esticado” como fatores para o agravamento da saúde financeira da Nissan.
O lucro líquido da Nissan caiu entre abril e setembro para 19.223 milhões de ienes (116 milhões de euros) principalmente devido à queda nas suas vendas e ao ajuste da sua produção à diminuição da procura, segundo a empresa.
No período acima mencionado, a primeira metade do ano fiscal japonês, o lucro operacional da Nissan caiu 90,2%, para 32.908 milhões de ienes (198 milhões de euros), enquanto seu volume de vendas caiu 1,3%, para 5,9 bilhões de ienes (35.607 bilhões de euros).
A fabricante japonesa vendeu 809 mil veículos no semestre, o que representa uma queda de 2,8%. Na América do Norte, seu principal mercado, as vendas caíram 0,2%, enquanto na China, o segundo maior, despencaram 12,5%.
A Nissan tem uma cota de mercado de veículos elétricos híbridos – entre os modelos mais populares da atualidade – inferior à dos seus principais rivais japoneses, Toyota e Honda, enquanto no mercado chinês enfrenta uma concorrência local cada vez mais agressiva, segundo analistas, que também apontam o peso que o acúmulo de um estoque crescente de veículos não vendidos representa para a empresa.
A Nissan Motor não publicou hoje sua estimativa de lucro líquido para todo o exercício financeiro em curso, que terminará em março de 2025, devido a “dificuldades em calculá-lo em um ambiente de negócios em rápida mudança”, segundo Uchida.
A empresa estima que o seu lucro operacional será reduzido em 73,6% ao longo do ano, para 150 milhões de ienes (906 milhões de euros), e prevê um aumento do seu volume de negócios de 0,1%, para 12,7 bilhões de ienes (76.761 milhões de euros). EFE
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