A história da maior comunidade de japoneses fora do Japão
Mega Curioso
O Japão, historicamente, permaneceu isolado do Ocidente por muitos séculos. Em 1542, por exemplo, os primeiros navios mercantes de Portugal chegaram ao país. Mas isso apenas fez com que a nação se fechasse ainda mais, especialmente porque não gostaram da presença de jesuítas tentando espalhar o cristianismo.
(Fonte: Japão em Foco/ Reprodução)
Mais de 200 anos depois, em 1853, Matthew Perry, um oficial naval dos EUA, acompanhado por uma frota de combatentes, conseguiu ancorar na Baía de Tóquio e forçar o país a “dar uma chance” para o comércio com outros países.
Ainda assim, o Japão continuou firme com a resolução de não permitir que nenhum japonês deixasse o lugar. As coisas somente começaram a mudar em 1857, ano em que o Imperador Meiji chegou ao poder.
As reformas do Imperador
Durante o seu reinado, entre 1864 e 1912, o imperador Meiji colocou em prática uma série de reformas que ficaram conhecidas como Revolução Meiji (1868 a 1900). Mudanças intensas foram feitas nos campos social, religioso, político, econômico e educacional, entre outros.
Imperador Meiji. (Fonte: Academia do Reiki/ Reprodução)
Basicamente, o país, agora com um regime democrático recém-iniciado, se voltava para a abertura econômica, especialmente liberando o acesso aos portos por estrangeiros. O intenso processo de urbanização e de ocidentalização que transformou o Japão em uma das maiores potências do mundo teve início nesse período.
Modernização japonesa
Não demorou muito para que o Japão do imperador Meiji se tornasse um dos melhores e mais bem sucedidos casos de modernização de todo o Oriente. E isso deu poder ao país, que no final do XIX fez incursões dominando territórios da China e da Coréia, bem como a Ilha Formosa, hoje, Taiwan.
Já no início do século XX, a vitória militar do Japão contra os soviéticos fez com que o país começasse a ser visto como uma potência imperialista militar. Além disso, tornou-se o principal rival econômico dos EUA no Pacífico.
Pobreza e desemprego
Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, o país já tinha seus gigantescos conglomerados empresariais, como Mitsui e Mitsubishi. Contudo, mesmo sendo uma das maiores potências mundiais da época, estava tendo problemas internos. A economia não ia bem, a pobreza aumentava nas zonas rurais e o desemprego não parava de subir.
(Fonte: About Japan/ Reprodução)
O povo não estava feliz e diversos setores da sociedade criticavam o governo, principalmente, devido à maneira como estava expandindo o domínio e a influência do país: na base da força militar.
Então, o governo viu na imigração uma oportunidade onde todos ganhariam, tanto quem recebia os imigrantes quanto quem os enviava. Parecia ser uma ideia melhor do que as conquistas militares.
O Brasil como destino
Por aqui, faltava mão-de-obra para as plantações de café. O problema é que os péssimos salários e as condições de trabalho nada decentes não agradaram os europeus. A coisa foi tão crítica que a Itália proibiu que seus cidadãos viessem para o Brasil patrocinados pelo governo brasileiro. Com isso, a mão-de-obra voltou a faltar nos cafezais.
(Fonte: BBC/ Getty Images/ Reprodução)
Do outro lado do mundo, o Japão tentava lidar com a pobreza. Como o governo do país queria mandar japoneses para o exterior, quem precisava de trabalho aproveitou a oportunidade. Muitos grupos se estabeleceram no Peru e no México, mas foi nas plantações de café de São Paulo que os imigrantes da terra do sol nascente encontraram a prosperidade.
A vinda dos japoneses para o Brasil chegou ao ápice entre o fim dos anos 1920 e começo dos anos 1930. Contudo, o sentimento de aversão à população japonesa crescia por aqui. Em 1934, Getúlio Vargas, impulsionado por suas próprias políticas nacionalistas, restringiu a entrada de cidadãos do Japão no Brasil.
Já durante o Estado Novo (1937-1945), Vargas colocou em prática uma série de restrições legais que afetavam a comunidade. O ano de 1942 é considerado como a época em que a imigração japonesa para o Brasil teve fim. Nesse período, havia por aqui cerca de 190 mil japoneses. Atualmente, são mais de 2 milhões entre pessoas que nasceram no Japão e seus descendentes em terras brasileiras.