Andrew Jackson: o maior arrependimento do ex-presidente dos EUA
Mega Curioso
Entre atitudes que deveria ter tomado, medidas, leis e implementações, George W. Bush , presidente dos Estados Unidos de 2001 a 2009, se arrependeu de ter iniciado a Guerra do Iraque — alvo de oposição política e civil. Já Barack Obama, lamentou a desastrosa mudança de regime de seu governo na Líbia. O controverso Bill Clinton, por outro lado, gostaria de ter feito um trabalho melhor quando encontrou uma solução pacífica para a animosidade interminável sobre Israel e a Palestina.
Mas lá em 4 de março de 1837, quando Martin Van Buren foi eleito, o ex-presidente Andrew Jackson se autocensurou muito, porém seu arrependimento não envolvia não ter executado alguma tarefa política nobre durante seu mandato.
O grande arrependimento
Andrew Jackson. (Fonte: HIstory Collection/Reprodução)
A passagem do 7º presidente pelo gabinete da Casa Branca foi conturbado para a história dos EUA, sobretudo pelas suas políticas expansionistas, a preservação da União nacional e de sua empreitada para remover histórica e socialmente os índios nativos americanos do território do país.
Militar e advogado, Jackson ganhou notoriedade como general do Exército, e acumulou fortuna com sua passagem por ambas as casas no Congresso. Ele liderou tropas na Guerra Creek (1813-1814), venceu a Batalha de Horseshoe Bend contra os índios nativos, e fez uma vitória emblemática na Guerra de 1812 contra a Inglaterra, tornando-se herói nacional na Batalha de Nova Orleans.
Um dia após sua derrota nas urnas eleitorais, em 1836, Jackson foi indagado por um amigo se tinha algum arrependimento de algo que deixou de fazer enquanto presidente do país. Sua resposta foi que ele lamentava não ter assassinado seus rivais políticos.
“Não atirei em Henry Clay e nem enforquei John C. Calhoun”, disse ele, segundo o livro Crazy S*** Presidents Said: The Most Surprising, Shocking, and Stupid Statements from George Washington to Barack Obama.
Uma rixa virulenta
John C. Calhoun. (Fonte: Senate/Reprodução)
Durante a eleição de 1828, que colocou Jackson no poder do país, Calhoun se tornou companheiro de chapa de seu futuro desafeto. Com a vitória dele, Calhoun também emplacou seu segundo mandato como vice-presidente, após ter cumprido o primeiro durante a vigência do governo de John Quincy Adams.
Assim que Jackson ascendeu ao poder, aconteceu o Caso Petticoat, também conhecido como Caso Eaton, um escândalo político envolvendo membros do gabinete de Jackson e suas esposas. Tudo começou quando o presidente indicou John Eaton, senador do Tennessee, para servir como Secretário de Guerra, mas ele era casado com Peggy O’Neale, cujo pai era dono de um famoso bordel em Washington.
Peggy havia ganhado fama de "namoradeira", e conhecia muitos segredos dos poderosos políticos, por isso também não era considerada um membro da alta sociedade. Além disso, ela era tida por fofoqueira, e os homens temiam que ela revelasse o que eles faziam no estabelecimento de seu pai.
Quando seu marido foi nomeado por Jackson, todas as outras esposas a rejeitaram de maneira organizada, lideradas por Floride, esposa de Calhoun. Como consequência desse ostracismo, os Eaton não foram convidados para festas, não recebiam visitas de outros membros do gabinete e não eram recebidos quando faziam visitas.
John Eaton. (Fonte: Alchetron/Reprodução)
Ainda emocionalmente afetado pela tortura social que sua esposa, Rachel Jackson, sofreu em 1828 após uma acusação — verdadeira — de bigamia que causou sua morte precoce no mesmo ano, Jackson se irritou com o comportamento e culpou os Calhoun por toda a confusão.
Apenas alguns membros do gabinete permaneceram leais a Jackson com sua censura ao Caso Petticoat, como o secretário de Estado Martin Van Buren, que forneceu cobertura para Jackson, se oferecendo para abdicar seu cargo para que o presidente pedisse a renúncia de todos os membros do gabinete anti-Eaton.
O vice-presidente foi o único que se manteve, então Jackson nomeou Eaton Ministro da Espanha, para tirá-lo de Washington, e empossou Van Buren como Ministro do Reino Unido. Então, quando Jackson concorreu à reeleição, Van Buren se tornou seu novo companheiro de chapa, mas Calhoun permaneceu vice, para sua loucura.
Eternamente odiado
Peggy O'Neale. (Fonte: Alamy/Reprodução)
Durante o início da presidência de Jackson, a Tarifa Dallas, destinada a ajudar as indústrias, foi aprovada no início da presidência de Jackson, mas Calhoun não gostou porque achava que afetava desproporcionalmente os proprietários de escravos sulistas.
Jackson apoiava a tarifa, então seu vice passou a falar publicamente contra as políticas do presidente sempre que surgia algo que ele não concordava, como uma espécie de pirraça por não ter sido apoiado.
Essa tarifa foi a responsável pela Crise de Anulação de 1832, que aconteceu depois que a Carolina do Sul declarou as tarifas adicionais inconstitucionais, portanto, nulas e sem efeito nos limites soberanos do estado, apoiada por Calhoun.
Então Jackson tomou medidas radicais, obtendo a aprovação do Congresso para dissolver as alfândegas em Charleston, que eram administradas pelo governo estadual da Carolina do Sul, e as substituir por nomeados federais para assumir a alfândega de importações estrangeiras no porto de Charleston.
Henry Clay. (Fonte: Wikiwand/Reprodução)
A essa altura, Calhoun já havia renunciado ao cargo de vice para concorrer ao senado, em que poderia defender melhor a anulação. A questão só foi resolvida em 1833, quando ele Henry Clay, ex-presidente da Câmara dos Representantes, conseguiram aprovar a nova tarifa que substituiria as antigas e aplacaria as preocupações dos estados do Sul.
Isso resultou no adiamento de 25 anos da questão controversa dos "direitos dos estados", que contribuiu para o colapso das relações entre o Norte e Sul, culminando em um dos cenários da Guerra Civil Americana.