Charles Osborne: o homem que soluçou 430 milhões de vezes
Mega Curioso
Se você alguma vez se perguntou o motivo de soluçar, aqui está a explicação: isso acontece porque o nervo que conecta o cérebro ao diafragma, chamado nervos frênicos, foi irritado por algum motivo, que pode ser físico ou emocional. As causas mais comuns são nervosismo, animação, bebidas carbonatadas, excesso de álcool, estresse, mudança repentina de temperatura, engolir ar enquanto chupa doces ou chicletes.
E é o fechamento súbito das pregas vocais que produz aquele som característico, normalmente uma espécie de “hic”, em cada contração do músculo do diafragma, que separa o peito do abdômen e desempenha um papel importante na respiração.
Soluçar uma ou duas vezes não é visto como problema, porém mais do que isso é, no mínimo, irritante. Imagine, então, simplesmente não conseguir parar nunca mais? Bem, essa foi a realidade de Charles Osborne, que soluçou por 68 anos ininterruptos após um acidente.
A eterna contração
(Fonte: Today I Found Out/Reprodução)
Nascido em algum momento de 1894, Charles Osborne começou a ter soluços em 13 de junho de 1922, e de maneira praticamente banal. Na fazenda onde morava, ele estava pendurando um porco para o abate quando acabou caindo.
Em sua entrevista ao Guinness Book of World Records, ele revelou que não sentiu nada, mas seu médico revelou que ele havia arrebentado um vaso sanguíneo do tamanho de um alfinete em seu cérebro, inibindo a resposta do soluço. Desse dia em diante, ele nunca mais parou de soluçar. Estima-se que ele tenha produzido 430 milhões de soluços, sendo em média 20 a 40 espasmos por minuto.
Apesar de todos os médicos que visitou em várias partes dos Estados Unidos, nenhum deles conseguiu encontrar uma cura para seu problema. O mais perto que um deles chegou, quase acabou com sua vida.
(Fonte: Mayo Clinic/Reprodução)
Argus Leader, um médico da Clínica Mayo, em Dakota do Sul, submeteu Osborne a um tratamento com monóxido de carbono e oxigênio, mas o homem quase sufocou até a morte. Portanto, a única saída foi ele aprender uma técnica de respiração entre soluços que minimizasse o som característico.
Isso melhorou a qualidade de vida de Osborne e o convívio social. No entanto, sua personalidade alegre e brincalhona foi o que mais contribuiu para que o problema não atrapalhasse tanto sua vida, embora não seja a realidade da maioria das pessoas que sofrem com esse tipo de condição. De acordo com dados do WebMD, soluços incontroláveis afetam 1 em cada 100 mil pessoas no mundo.
O soluço contínuo pode causar problemas emocionais graves, como estresse emocional e físico; exaustão e perda de peso devido à dificuldade para se alimentar. O resultado é o retraimento da pessoa do ambiente social por vergonha ou humilhação, além de desnutrição severa que pode levar à morte.
Um tempo de felicidade
(Fonte: Journal MEDizzy/Reprodução)
Apesar de seu jeito de levar a vida, em entrevista à Associated Press, em 1978, após 56 anos soluçando por minuto, Osborne disse que daria tudo no mundo para se livrar deles, e reclamou que seu corpo doía constantemente devido às contrações.
Foi nessa época que o homem ganhou atenção nacional, conquistando uma vaga no Guinness com o título "Ataque de soluços mais longo da História". Nessa época, Osborne já precisava colocar suas refeições no liquidificador para poder se alimentar, mas conseguiu manter seu peso estável.
Então, de repente, em uma manhã de fevereiro de 1990, os soluços simplesmente pararam. Osborne pôde desfrutar da sensação por 1 ano antes de morrer.
(Fonte: STST World/Reprodução)
Para o neurocirurgião Ali Seifi, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas em San Antonio, desenvolvedor de um dispositivo que alivia instantaneamente os soluços simples, Osborne pode ter sofrido de uma lesão nas costelas durante seu acidente, danificando seu diafragma, ou também sofrido um derrame quando bateu a cabeça no chão.
Soluços prolongados também podem ser causados por distúrbios do sistema nervoso central, como meningite, diabetes, insuficiência renal. Drogas, como esteroides ou tranquilizantes, também podem desencadeá-lo a longo prazo.
Os avanços na medicina moderna, um século após o início da doença de Charles Osborne, ainda não foram longe o suficiente para encontrar um tratamento duradouro para os soluços contínuos.