De prática promíscua à febre mundial: a origem do nado sincronizado
Mega Curioso
Embora a modalidade do nado sincronizado tenha ganhado destaque apenas nos Jogos Olímpicos de 1984, que aconteceram em 12 de agosto, em Los Angeles (Estados Unidos), a modalidade aquática é mais antiga do que a própria competição.
Na Roma Antiga, em 46 a.C., o imperador Júlio César confiscava lagos, cavava ou inundava anfiteatros para encenar grandes batalhas navais chamadas de "naumaquias", em que os prisioneiros eram forçados a lutar uns contra os outros até a morte. E foram neles também que aconteceram as primeiras apresentações de nado sincronizado.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
O poeta Martial do século I d.C. escreveu uma série de epigramas sobre os primeiros espetáculos no Coliseu, onde um grupo de mulheres desempenhava o papel de Nereidas, ou ninfas aquáticas, no anfiteatro inundado. Elas mergulhavam, nadavam e criavam formações elaboradas nas águas.
No entanto, como elas se apresentavam nuas, acredita-se que elas faziam parte de uma classe social inferior na época ou eram escravas, visto que havia um estigma associado à exibição do corpo em local público. Por vezes, elas eram chamadas de "nadadoras promíscuas".
A precursora
Annette Kellerman. (Fonte: NFSA/Reprodução)
Já no século XIX, a Inglaterra da era circense ficou famosa por adicionar números aquáticos aos seus programas de entretenimento. Em estruturas elegantes e grandiosas, denominadas "palácios do povo", os shows aconteciam em palcos ou anéis centrais que eram revestidos de borracha e enchidos com água suficiente para acomodar pequenos barcos.
Os profissionais vitorianos também demonstravam a natação ornamental, com cambalhotas e piruetas no ar em tanques de vidro colocados em aquários e teatros. Segundo o historiador David Day, da Universidade Metropolitana de Manchester, apesar desse tipo de esporte aquático ter sido popularizado por homens, a princípio, não demorou muito para que um pequeno grupo de mulheres da classe trabalhadora tivesse a oportunidade de ganhar a vida fazendo as acrobacias na água.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
No começo do século XX, em 1908, nos Estados Unidos, Annette Kellerman iniciou sua carreira nos espetáculos de vaudeville em Nova York como a "Vênus do Mergulho", tornando-se a "mãe" do nado sincronizado moderno.
Campeã australiana de natação, Kellerman adicionou a dança às manobras aquáticas, e o The New York Times da época chamou o que ela fazia de "uma arte em formação". Ela se tornou uma celebridade, integrando o elenco de todos os filmes mudos com temas aquáticos que surgiram em Hollywood.
A revolução
Katharine Curtis. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Em 1920, popularizaram-se os eventos que incluíam natação, atuação e música que aconteciam em clubes aquáticos. Foi assim que surgiu o balé aquático e a natação “rítmica”, por meio das equipes de mergulho profissional, sendo uma delas a Tarpon Club, da Universidade de Chicago. Sob a direção de Katherine Curtis, a equipe passou a usar música para sincronizar os movimentos dos nadadores com as batidas.
Em 1934, sob o nome de Modern Mermaids, o clube se apresentou ao som de uma banda de 12 integrantes durante a Feira Mundial Century of Progress, em Chicago. O locutor Norman Ross usou o termo "nado sincronizado" pela 1ª vez na história para descrever o desempenho dos 60 nadadores.
No final da década, Curtis supervisionou a primeira competição entre equipes que faziam esse tipo de natação, escreveu o primeiro regulamento e transformou o nado sincronizado na modalidade que foi introduzida nas Olimpíadas de 1984.