Diafanização: a colorida técnica de conservação de animais mortos
Mega Curioso
O que você acharia de poder guardar o esqueleto colorido de um animal morto dentro de uma garrafa para análise? Por mais estranho que isso possa soar para você, essa é uma técnica bem conhecida no mundo científico e tem viralizado no TikTok através do perfil da usuária @bhalldor.
Chamada de diafanização, esse processo consiste em usar substâncias químicas para dissolver toda a musculatura de pequenos animais, mas fazer com que seus esqueletos e tecidos conjuntivos permaneçam intactos. Dessa forma, os restos mortais das criaturas se tornam "transparentes" e o interior delas fica mais fácil de analisar.
Estudo da anatomia
A diafanização é um procedimento químico bastante delicado, uma vez que envolve solventes perigosos que requerem bastante treinamento para serem manejados. Também chamada de "limpar e manchar" pelo fato dos restos mortais serem tingidos com corantes, essa técnica é usada por pesquisadores para ajudar as pessoas a entenderam a anatomia interna de uma espécie de maneira completamente única.
Em geral, os animais que passam por esse processo normalmente são preparados para serem expostos em museus ou aulas de ciência em colégios, mas também podem fazer parte da coleção pessoal de curiosos. Cobras, sapos, ratos e outras espécies de animais menores são os principais objetos de análise.
Processo em etapas
No primeiro passo para um animal ser diafanizado, o preparador deve colocar os restos mortais em um químico chamado tripsina, o qual destrói a proteína criadora de cor na pele chamada caseína. Sem a caseína, apenas uma versão transparente da criatura permanece.
Depois disso, o preparador deve utilizar diferentes tipos de corantes que são atraídos por determinadas substâncias no corpo da criatura para tingir a peça. Enquanto algumas tintas possuem mais atração ao colágeno, outras buscam pela cartilagem. Como resultado, ossos ricos em colágeno ganham tons avermelhados e a cartilagem tons azulados, formando um espécime altamente artístico e educacional.
Essas amostras normalmente são conservadas em glicerina líquida, a qual fornece estabilidade para a peça e permite que ela possa ser exposta sem maiores complicações pelo seu detentor.
Ética e procedência
Por mais estranha e curiosa que a diafanização possa soar na mente de uma pessoa, essa é uma técnica completamente ética no mundo científico e é feita principalmente com animais doados por institutos, museus ou criadouros. Além disso, esse é um método muito importante para o estudo do cadáver de animais que não reagem muito bem a outros preparos.
Por exemplo, certas criaturas são pequenas demais e muito frágeis para serem limpas e usadas como esqueletos expostos, assim como animais sem pelos e penas dificilmente podem ser conservados nos métodos tradicionais de taxidermia.
Diafanização em humanos
(Fonte: Pixabay)
Uma dúvida constante que surge nas pessoas que tomam conhecimento da diafanização é se o cadáver de um ser humano poderia passar por esse processo. Entretanto, assim como outros animais maiores, seria praticamente impossível realizar esse método com um humano adulto.
Nesses casos, seria necessário muito tempo e uma enorme quantidade de substâncias químicas para conseguir preparar esse tipo de resto mortal. Dito isso, alguns fetos de humanos já foram diafanizados no passado para estudo do desenvolvimento da nossa espécie.
Por fim, novas tecnologias como as de imagens computadorizadas são mais utilizadas nos dias atuais para esse modelo de estudo e são consideradas mais populares pelas instituições de ensino. Por conta disso, a diafanização tornou-se muito mais uma "arte perdida" do que de fato algo que ainda é utilizado com frequência por pesquisadores, embora seja uma técnica altamente chamativa.