Enxaqueca: como ela pode afetar seu cérebro?
Mega Curioso
Apenas no Brasil são registrados anualmente mais de 2 milhões de novos casos de enxaqueca. Até alguns anos atrás a percepção médica era de que essa condição tinha como causa a dilatação e contração dos vasos sanguíneos na superfície do cérebro. Esse processo seria responsável pelas sensações de idas e vindas da dor.
No entanto, com base em estudos mais aprofundados sobre essa doença, essa percepção mudou. Por exemplo, hoje sabemos que a enxaqueca é a fase final de um complexo processo que afeta as vias nervosas do cérebro.
Por isso, os pesquisadores que se dedicam a estudar essa doença a consideram mais como uma questão neurológica do que vascular, como era antigamente. Ainda falta muito para sabermos exatamente quais são todos os aspectos envolvidos no problema. Mas o que já se sabe até agora permite um melhor gerenciamento das crises.
(Fonte: Ron Lach/ Pexels/ Reprodução)
O problema está nos gatilhos
Analisando pessoas que sofrem com enxaqueca ao longo das últimas décadas os cientistas conseguiram identificar uma série de gatilhos relacionados à condição. A lista é longa, mas entre os principais temos:
- Álcool: o principal culpado é o vinho tinto , mas outras bebidas não ficam de fora;
- Mudanças climáticas: aumento da temperatura e até pequenas diminuições na pressão barométrica;
- Uso de telas: a má postura associada à luz intensa e brilhante das telas de computadores;
- Desidratação: a falta de líquidos no organismo diminui o volume de sangue, o que contribui para diminuir também o seu fluxo para o cérebro. A perda de eletrólitos também pode estar relacionada com a enxaqueca;
- Cafeína: aqui o problema pode ser tanto a cafeína quanto a falta dela. Por isso, é recomendado que pessoas que sofrem de enxaqueca não oscilem muito em seu consumo de café.
Outros gatilhos relacionados com essa condição são os altos níveis de estresse, condições hormonais, condições biológicas, exposição a cheiros, luzes cintilantes ou brilhantes e até alterações no padrão de sono.
E por falar em gatilhos, se você pensa que tem enxaqueca é importante manter um diário sobre aqueles que despertam as crises . Assim, quando for consultar o médico ele poderá desenvolver abordagens melhores para ajudar a gerenciar o seu caso. E você mesmo poderá ficar mais atento para evitá-los.
O cérebro com enxaqueca
Uma vez que a enxaqueca é despertada, o cérebro começa a liberar compostos químicos chamados neuropeptídios. Entre eles estão a noradrenalina e a serotonina. O problema é que ao serem liberados, eles conseguem viajar até as meninges — camada externa do cérebro — e então se inicia um processo de inchaço e inflamação dos vasos sanguíneos.
(Fonte: MART PRODUCTION/ Pexels/ Reprodução)
A dor da enxaqueca que tem início com a ativação dos neurônios que envolvem o tronco cerebral tende a mudar após um período que varia entre 1 e 2 horas. Depois a dor passa para uma segunda fase. Aqui a situação fica pior, pois o sistema nervoso central, além de estar envolvido apresenta um alto nível de sensibilidade.
Sendo assim, caso você consiga tomar alguma medicação para aliviar a dor antes dessa segunda fase, há mais chances de interromper o processo de dor . Mas a partir do momento que ela avança para o sistema nervoso central, os remédios tendem a se tornar menos eficientes.
E, claro, sem tratamento e acompanhamento médico adequado gerenciar as crises de enxaqueca se torna algo extremamente difícil. Apenas para citar um exemplo, ela pode durar até 72 horas antes que seu sistema nervoso relaxe e seu cérebro volte a funcionar como antes da dor.