Gruinard: a ilha britânica da morte da 2ª Guerra Mundial
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Localizada entre Gairloch e Ullapool, na Escócia, a Ilha Gruinard foi mencionada pela primeira vez pelo clérigo Dean Munro, que viajou para a área em meados do século XVI, e a denominou como "um território cheio de florestas, um ótimo refúgio para prender rebeldes e ladrões". No entanto, desde 1945, nada mais vive no local, inclusive as plantas, em seus 2 quilômetros de comprimento.
Ainda hoje, é difícil Gruinard receber visitantes, isso porque têm sido uma zona proibida por quase 80 anos após ter se tornado um centro secreto do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial para testar armas biológicas.
Uma ameaça
(Fonte: Press and Journal/Reprodução)
Quando os russos sitiaram a Ilha Vozrozhdeniya, atualmente dividida entre o território do Cazaquistão e Uzbequistão, para darem início a experimentos com bombas de patógenos que causam a doença antraz, os britânicos já estavam ocupados fazendo testes em Gruinard.
Tudo começou em 1942, quando a cepa virulenta do antraz, a Vollum 14578, foi usada para encher bombas. Os cientistas do Exército sabiam que a mesma nuvem de poeira marrom mortal que fizeram chover sobre um rebanho de ovelhas poderia facilmente contaminar as cidades alemãs a ponto de torná-las inabitáveis por décadas.
Em seu livro Biological Weapons, o autor Sharad S. Chauhan ressalta como o poder do antraz fez crescer os olhos dos cientistas quando as ovelhas do primeiro teste em Gruinard começaram a morrer 3 dias após a exposição, deixando claro o nível de destruição daquele tipo de dispositivo.
(Fonte: Scotsman/Reprodução)
O relatório enviado para o governo também demonstrava certa preocupação com o bem-estar dos envolvidos, visto que os arranjos para biossegurança eram mínimos, surpreendendo até mesmo em como houve poucas ou nenhuma baixas humanas que conduziam o experimento.
Os testes na ilha foram abandonados pelo time de 50 cientistas do Exército britânico nos momentos finais da guerra, e foi então que o problema começou.
Infestação
(Fonte: Discover Magazine/Reprodução)
No mesmo ano em que os testes foram encerrados, o Ministério do Abastecimento reconheceu que a ilha Gruinard estava totalmente contaminada, portanto, não poderia ser desapropriada até que fosse considerada segura.
Em 1946, o governo britânico concordou em adquirir a ilha e assumir responsabilidade por ela, com os herdeiros e o proprietário podendo recomprá-la por 500 euros quando fosse declarada adequada para habitação de homens e animais. No entanto, apenas marcadores foram colocados ao redor da costa alertando que o local era uma zona proibida, mas nenhum trabalho de limpeza foi feito.
Quando uma ovelha infectada com antraz apareceu no continente, em 1979, um grupo de protestantes autodenominado "Operação Colheita Negra" começou a enviar porções de solo da ilha para instalações governamentais em todo o Reino Unido, exigindo que ela fosse limpa.
(Fonte: The Scotsman/Reprodução)
Mais tarde foi descoberto que as amostras de terra não continham antraz, porém o terror psicológico teve efeito. Em 1986, o governo começou a limpar Gruinard, pulverizando todo o local com uma solução de formaldeído e água do mar. Então foram transportadas ovelhas diariamente do continente para pastar na ilha por um ano e garantir que estivesse segura.
Em 1997, a história do projeto foi desclassificada pela primeira vez para o público, e o governo enviou o Ministro da Defesa Michael Neubert para posar para câmeras removendo os pinos de alerta da costa. Logo depois, a ilha foi recomprada pelo herdeiro do proprietário original pelo preço inicial de venda de 500 euros.
Até hoje, ninguém acredita que a ilha seja realmente segura, portanto, nada se aproxima dela.