Ivã, o Terrível: a história do mais brutal czar russo
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De 1547 até 1584, a Rússia conheceu seu primeiro czar: Ivã IV Vasilyevich. Como governante do país, o líder político e militar passou a almejar mais poder na região, ficando famoso por travar guerras extremamente sangrentas e causar massacres contra seu povo. Não à toa foi apelidado de "Ivã, o Terrível".
Ivã era uma figura tão brutal que nem mesmo a própria família conseguiu escapar de seus atos e ele matou o filho durante um ataque de raiva; logo, tornou-se uma pessoa muito temida. Embora seu apelido, "Grozny", tenha sido traduzido para "Terrível", pesquisadores acreditam que uma tradução mais real para o termo seria algo como "Assustador para caramba".
Os primeiros anos de Ivã
(Fonte: Wikimedia Commons)
Ivã, o Terrível nasceu em 1530, filho de Basílio III, grão-príncipe de Moscou. Em sua infância, a Rússia parecia mais um retalho de feudos do que um país de verdade — parecida com as Casas da trama de Game of Thrones. O papel de um príncipe era basicamente o de coletar impostos para os senhores mongóis que governavam a região sem muita piedade.
Com essa estrutura hierárquica, os nobres russos aprenderam a saquear camponeses e passaram a lutar entre si ao invés de se juntarem para expulsar o Império Mongol de suas terras. E naquele tempo ninguém poderia imaginar que seria Ivã IV Vasilyevich quem mudaria as coisas, especialmente após a morte de seu pai, em 1533.
Com apenas 3 anos de idade, Ivã estava à mercê da aristocracia local. Embora fosse importante preservar a imagem do novo príncipe, os nobres não almejavam deixá-lo crescer para assumir um trono. Foi por isso que o rapaz cresceu confinado e sofreu diversos abusos.
Ascensão e problemas internos
(Fonte: Wikimedia Commons)
Órfão, fraco e mal nutrido, Ivã sabia que sua única esperança de mudar seu panorama era fazer amizade com a nobreza. Foram esses amigos que, provavelmente, elevaram o menino ao posto de primeiro czar da Rússia em 1547, quando ele tinha somente 16 anos. Gradativamente, o jovem foi ganhando liberdade e passou a fazer alianças com a aristocracia que o ofendera quando criança. Então, Ivã, o Terrível, começou a buscar mais poder.
A Rússia passou boa parte da década de 1550 tentando lutar contra seca, fome, invasões tártaras, guerras contra a Lituânia e diversos outros problemas domésticos. Para piorar tudo, a primeira esposa de Ivã faleceu em 1560 — muitos acreditam que por envenenamento. Enquanto o país viva o caos, a resposta do líder foi uma só: abandonar seu posto. "Vocês estão por conta própria. Espero que gostem de não ter um czar", escreveu em carta ao povo.
Mudanças no país
(Fonte: Wikimedia Commons)
Quando deixou o cargo, Ivã passou alguns anos acumulando poder. Em certo ponto, as autoridades russas simplesmente não conseguiam fazer mais nada sem sua participação. Sua saída foi um movimento calculado para inflamar os camponeses que majoritariamente o apoiavam. Após o clamor popular, o czar retornou ao trono ainda mais poderoso.
Ivã, o Terrível, tinha então poder sobre todo o exército russo, controlava as finanças dos feudos e determinava quem deveria sobreviver entre a nobreza — uma vingança pelo que haviam feito a ele no passado. Seus aliados receberam imunidade total contra crimes, e "traidores" foram torturados e mortos. Cidades que poderiam desertar para os lituanos foram completamente obliteradas em 1570. Não se sabe ao certo quantas pessoas foram mortas na época, mas acredita-se que os números ultrapassaram a casa dos milhares.
Declínio e morte
(Fonte: Pixabay)
Pelo resto dos 12 anos de seu governo, Ivã parecia disposto a aterrorizar todo mundo dentro de seus quase 4 milhões de quilômetros quadrados de território. Guerras foram conduzidas, o poder da igreja foi reorganizado e sua fúria parecia cada vez maior. Porém tanta raiva não lhe fazia bem.
Curiosamente, Ivã, o Terrível morreu vítima de um infarto durante uma partida amistosa de xadrez em 1584, o que provavelmente aconteceu em decorrência de outro ataque de fúria. No fim das contas, uma das figuras mais violentas da sociedade russa acabou derrotada pela própria impaciência.