John Lennon e seu lado obscuro como agressor
Mega Curioso
Por vezes, a “canonização” que o sucesso estrondoso proporciona a algum artista, tende a renegar a imagem dele como uma pessoa repleta de falhas e cantos obscuros. A mídia do século XIX não tinha o poder avassalador como a de hoje, principalmente de enxergar a persona além da máscara profissional que ela veste.
O poderio dos fãs então se apossavam da imagem de uma celebridade e a colocavam em um escalão altíssimo da “cadeia alimentar” social, justificando seus erros jogando a culpa em mídia tendenciosa, adversários ou centenas de outras alternativas que não o próprio artista.
Pelo seu trabalho como músico membro de The Beatles, John Lennon foi um astro “abençoado” por esse frenesi causado pela fama e multiplicado por sua morte trágica — ainda que isso em nada se relacione com seu impacto e influência no cenário musical.
Lennon era considerado um “rei sem defeitos”, quando, na verdade, era um homem repleto de falhas e comportamentos erráticos, um deles, criminoso.
O outro lado
(Fonte: Gazeta do Povo/Reprodução)
É estranho pensar que uma pessoa que escreveu a lendária canção “Imagine”, descrita pela Rolling Stone como “o maior presente musical de Lennon para o mundo”, falando sobre as fantasias de um mundo sem mal e sofrimento, ganância, fome e guerra; também tenha sido um monstro em sua intimidade.
Durante seu casamento com Cynthia Powell, a quem engravidou de seu primeiro filho ainda em Liverpool enquanto os Beatles faziam sua ascensão na música, Lennon fez da vida dela um inferno.
Segundo uma carta escrita há 50 anos pela ex-governanta da família, Dorothy Jartlett, o músico era um pai ausente e só aparecia para bater e diminuir seu filho Julian, criticando-o, por exemplo, por ter más maneiras à mesa.
Lennon e Yoko Ono. (Fonte: Uol/Reprodução)
Além disso, Lennon passou 6 anos dormindo com outras mulheres e deixando drogas espalhadas pela casa, à mão de seu filho. O basta que Powell deu foi quando Lennon, bêbado, confessou que tinha um caso de longa data com a artista japonesa Yoko Ono. Quando Ono revelou estar grávida do cantor, Powell oficializou seu divórcio no final de 1968.
Se, de alguma forma, Powell mantinha algum tipo de rédea com relação ao comportamento de Lennon, foi o divórcio que o teria feito descer uma ladeira sem fim ao engatar de vez o relacionamento com Ono.
A queda
(Fonte: Popdust/Reprodução)
Conforme uma matéria do Salon.com, o músico disse que a prisão de sua esposa por posse de drogas e o aborto que ela teve foram os responsáveis por fazê-los embarcarem no uso de heroína, que afetou tudo e todos ao seu redor.
A união com a artista foi considerada uma montanha-russa, com mais baixos do que altos e, em meio a isso, Lennon teria tido um caso com a assistente deles, May Pang, durante 18 meses. No entanto, quando entrevistada pelo The Telegraph, em 2012, Ono alegou que esse período foi uma pausa bem-vinda no relacionamento intenso deles, e que “não foi prejudicial”.
(Fonte: Cheat Sheet/Reprodução)
O ano de 1980 foi considerado o pior momento da vida de Lennon, em que ele se encontrou em um limbo de depressão profunda pontuado por momentos de ideações suicidas. Em uma entrevista concedida à Playboy, publicada dois dias antes de o músico ser assassinado em frente ao seu apartamento em Nova York, Lennon admitiu ter batido em mulheres e se justificou: “É por isso que estou sempre falando sobre paz, sabe. São as pessoas mais violentas que buscam o amor e a paz”.
Estudos psicanalíticos feitos ao longo dos anos apontaram que o comportamento de Lennon vinha de seu relacionamento controverso e tumultuado com seus pais. Ele nunca perdoou Alfred Lennon, seu pai, por abandoná-lo — apesar do arrependimento declarado do homem —, e chegou a confessar por áudio, em 1979, que quando adolescente ele nutriu desejos sexuais por Julia Lennon, sua mãe. E ele disse que se arrependia de não ter feito nenhum avanço nesse sentido, alegando que ela teria permitido.
John Lennon foi um ícone, uma entidade lendária que passou pelo mundo para deixar sua marca. No entanto, como um artigo do DailyCal salientou: “Nós podemos amar a música de Lennon, mas não defender seu abuso”.