Lascas de prata são encontradas em cocô de minhoca pré-histórica
Mega Curioso
Um grupo de pesquisadores foi surpreendido ao encontrar pequenas manchas de prata nas fezes fossilizadas de uma minhoca pré-histórica, uma vez que não existem explicações atuais sobre como tal criatura poderia ter feito isso. O achado foi feito nas Montanhas Mackenzie, no território do Canadá.
Segundo os pesquisadores, o cocô foi produzido por pequenas minhocas que habitavam o fundo do mar quando a região ainda era coberta por um oceano durante o Período Cambriano, que ocorreu entre 543 milhões e 490 milhões de anos atrás. A maior das partículas de prata tinha cerca de 300 micrômetros de largura — o que foi visto como um tamanho considerável pelos pesquisadores dado ao comprimento do animal analisado.
Descoberta surpresa
(Fonte: Pixabay)
Enquanto analisavam as fezes fossilizadas das minhocas, os cientistas encarregados desse trabalho descreveram a descoberta de resquícios de prata como algo "muito surpreendente". Em entrevista ao portal Live Science, Julien Kimmig, pesquisador que comandou a operação, falou a respeito do caso. "É a primeira vez que vemos algo assim", afirmou.
Segundo Kimmig, a equipe ficou inicialmente confusa a respeito de qual animal pertencia os coprólitos — nome científico dado para as fezes fossilizadas. Porém, após a análise profunda de mais algumas amostras de rochas, foi possível identificar alguns vermes fossilizados ainda em suas tocas, as quais teriam sido construídas ainda debaixo do mar.
"Tivemos sorte em encontrar algumas minhocas ainda presas nas rochas", disse Kimmig. O pesquisador também ressaltou que encontrar coprólitos em registros fósseis não é exatamente algo inovador para a ciência, mas que costuma ser bastante difícil para os cientistas conseguir identificar a qual criatura essas fezes pertenciam.
Origem desconhecida
(Fonte: Unsplash)
Embora o coprólito de fato tenha origem nas minhocas encontradas dentro das rochas, os pesquisadores acham altamente improvável que a prata tenha sido ingerida por elas. Após analisar os arredores do sedimento analisado, os cientistas determinaram não haver concentração suficiente de prata na região para explicar os pedaços de metal encontrados nas fezes.
Além disso, a prata era considerada tóxica para alguns vertebrados como as minhocas — apesar dessa hipótese nunca ter sido testada devidamente. Na visão de Kimmig, a prata provavelmente é proveniente de uma colônia de micróbios, que por sua vez teriam extraído o metal de uma coluna d'água.
Posteriormente, esses mesmos micróbios teriam depositado a prata dentro das fezes fossilizadas. Isso explicaria o porquê da distribuição do metal ter acontecido de maneira tão uniforme, acrescentou a cientista.
Mineração de prata
(Fonte: Unsplash)
Para Julien Kimmig, a parte mais impressionante das últimas descobertas é, sem via das dúvidas, a forma como esses micróbios — provavelmente bactérias — "mineraram" a prata por tanto tempo. “É fascinante ver o que as bactérias podem fazer com os metais. E sabemos que, hoje em dia, elas podem extrair muitos outros diferentes tipos de resíduos da mineração, por exemplo”, explicou.
O cientista ainda ressaltou que esse processo é ainda mais impressionante quando paramos para pensar que ele já acontecia há cerca de 500 milhões de anos.