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Maratona de 1904: a prova que quase fez o esporte ser banido das olimpíadas
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Maratona de 1904: a prova que quase fez o esporte ser banido das olimpíadas

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Mega Curioso
08/11/2021 11h00
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Em 30 de agosto de 1904, o presidente norte-americano em atividade, Theodore Roosevelt, anunciou que seu país iria hospedar os jogos de verão naquele ano, confirmando o surgimento da primeira edição das Olimpíadas modernas. Porém, o que era para ser uma celebração ao esporte tornou-se um verdadeiro desastre por conta da prova de maratona, que marcou o evento após relatos de uma série de desastres.

Para comemorar a compra da Louisiana em 1803, os Estados Unidos da América receberam a edição de 1904 da Feira Mundial, ambientada em Saint Louis e programada para trazer entretenimento e cultura popular a pouco mais de 19 milhões de visitantes. A oportunidade foi vista como ideal pelo presidente Roosevelt, que aproveitou a chamada da exposição para anunciar oficialmente os Jogos Olímpicos sediados no Missouri.

Com a revelação, o instinto competitivo norte-americano aflorou e os espectadores já não aguentavam de ansiedade para ver seus atletas conquistarem o pódio em 18 modalidades anunciadas, que incluíam boxe, ciclismo, natação, tênis, lutas e outras. E por muito pouco o público não vibrou com a primeira medalha de ouro, já que o vencedor da maratona, Fred Lorz, foi acusado de ter dirigido um veículo para chegar antes de seus adversários.

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Enquanto a multidão gritava "um americano venceu", Lorz viu sua cerimônia do ouro ser interrompida por um oficial olímpico, que retirou a medalha de seu pescoço e o desclassificou da edição de 1904. Segundo as autoridades, o homem havia dirigido cerca de cinco quilômetros até o local de chegada, desviando por estradas secundárias para disfarçar e não ser identificado nos arredores do local de prova.

O caso teria ocorrido após o atleta percorrer somente 18 quilômetros — de aproximadamente 38 totais —  da rota à pé. Esse foi apenas o início para o surgimento de outros relatos de trapaças praticadas por corredores que enfrentaram colinas, vales, descidas, no máximo do desgaste físico e com o fornecimento de água e comida reduzido.

Os participantes da maratona

De acordo com o organizador James Sullivan, 32 competidores foram escalados, sendo a maioria deles pessoas brancas. A ideia por trás da falta de diversidade racial seria uma das propostas de Sullivan, que tinha a intenção de provar a superioridade dos brancos em relação aos negros. Para isso, além de reduzir significativamente a participação de afrodescendentes, o embaixador das Olimpíadas os impediu de utilizar sapatos e de se equipar da mesma forma que os rivais norte-americanos.

Curiosamente, Len Taunyane e Jan Mashiani, os únicos atletas negros a representarem a África do Sul em um evento olímpico antes do fim do Apartheid, conseguiram concluir legalmente a modalidade mesmo sem nunca terem corrido em uma maratona. 

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Em contrapartida, o americano William Garcia foi parar no hospital após atravessar uma nuvem de poeira causada pelo tráfego, o cubano Felix Carvajal desmaiou na pista por ter se alimentado de maçãs podres antes do início da prova e muitos outros corredores foram forçados a desistir quando apresentaram sintomas de cólica e fadiga. No fim, apenas 14 conseguiram completar o percurso honestamente.

O preço da vitória

Depois de quase 3,5 horas, Thomas Hicks foi declarado o campeão da prova, mas sem antes ter passado por situações que quase o levaram à morte. Isso porque aos 16 quilômetros de prova o atleta viu seu pedido por água ser recusado pelos treinadores e aos 28 quilômetros ele engoliu uma mistura de estricnina - também conhecida como veneno de rato - e clara de ovo crua, supostamente interpretada como estimulante energético. 

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

“Seus olhos estavam opacos, sem brilho”, escreveu um oficial de corrida sobre Hicks. “A cor acinzentada de seu rosto e pele havia se aprofundado; seus braços pareciam pesos bem amarrados; ele mal conseguia levantar as pernas, visto que seus joelhos estavam quase rígidos."

A dramática vitória de Hicks só ocorreu porque seus treinadores decidiram carregá-lo a poucos metros da chegada, e o primeiro norte-americano a vencer uma maratona correu pela última vez. O desastre total da edição 1904, conhecida por exigir muito da resistência humana, quase resultou no banimento permanente da maratona , mas em 1908 a modalidade já estaria sendo praticada novamente nos novos Jogos Olímpicos.

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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