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O que é gentrificação e por que esse processo é tão danoso?
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O que é gentrificação e por que esse processo é tão danoso?

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Mega Curioso
25/10/2021 19h00
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Falar sobre gentrificação é pisar em um campo minado de pura controvérsia. Etimologicamente, o termo é um neologismo de gentry, que em tradução literal significa "de origem nobre" ou "bem nascido".

O processo transforma uma área urbana periférica específica de uma cidade, que não recebe mais nenhum investimento público, através de especulação imobiliária, aumento do turismo e obras governamentais.

A gentrificação acontece quando há a descentralização de uma cidade, ou seja, as áreas centrais e bairros desenvolvidos — geralmente em metrópoles — se expandem para outras regiões ocupadas por pessoas de baixa renda há anos através de invasões ou ocupações irregulares.

Como o processo afeta

(Fonte: WRI Brasil/Reprodução)(Fonte: WRI Brasil/Reprodução)

É nesse momento em que acontece um processo de modernização desses espaços, como abrir uma nova estação de metrô ou instalar um estádio de futebol, desvalorizando essas regiões tempo o suficiente para atrair moradores e comerciantes com mais renda.

A gentrificação causa o aumento do custo de vida e tem o poder de alterar a cultura de uma comunidade inteira, até dificultando o ajuste dos residentes de longa data, bem como expulsa negócios pertencentes a minorias.

Os vieses sociais da gentrificação são diversos, pois o processo também é visto como uma oportunidade de investimento necessário para áreas há muito negligenciadas, ao passo que pode apagar e expulsar as pessoas que não pertencem à mesma realidade. Essas tendem a irem morar em locais ainda mais afastados e piores do que onde estavam.

(Fonte: The Guardian/Reprodução)(Fonte: The Guardian/Reprodução)

Quando o assunto surge em um debate, muitas pessoas tendem a se confundirem gentrificação com revitalização, que visa a melhoria da qualidade de vida de uma população local, com o princípio de mantê-los ali, não expulsá-los.

Via de regra, a revitalização pode acabar gerando a gentrificação devido à modernização de uma área, culminando no fator-chave para mudar toda a situação socioeconômica e cultural de um local: a especulação imobiliária.

Gentrificação não descriminaliza uma região

(Fonte: The New York Times/Reprodução)(Fonte: The New York Times/Reprodução)

Engana-se quem acredita que a gentrificação é a responsável por reduzir as taxas de criminalidade urbana. Afinal, a lógica é simples: o influxo de residentes mais ricos que precisam ser “escoltados” gera mais patrulhamento do governo, afastando criminosos das cercanias.

Na verdade, é o contrário. A gentrificação leva ao aumento do crime, visto que estudos apontam que roubos e furtos crescem em bairros onde existem pessoas mais nobres. A primeira explicação para isso pode ser pelos novos residentes serem alvos mais interessantes para os ladrões, os induzindo a se envolverem em atos ainda mais ilegais. Ou que o crime prospera com base na instabilidade, no anonimato e nos laços sociais mais fracos, que torna mais fácil para os criminosos se misturarem e menos provável que os vizinhos protejam uns aos outros.

O ódio pela gentrificação

(Fonte: ArchDaily/Reprodução)(Fonte: ArchDaily/Reprodução)

Nem todo mundo que mora em uma região sabe o que está acontecendo quando a gentrificação está em andamento. A maioria acredita que aquelas mudanças e investimentos “repentinos” transformará sua vida apenas para melhor — embora, em muitos aspectos, irá.

A modernização do local onde vivem pode aumentar o valor de seu imóvel no mercado, e eles também podem se beneficiar das atividades de varejo que trazem mais serviços para áreas abandonadas, permitindo que essas pessoas não tenham mais que ir para muito longe para desfrutar de um simples fast-food, por exemplo.

Boa parte das pessoas endereça à inflação e inconsistência econômica do país quando aumenta o aluguel da região onde moram, ou quando não conseguem mais bancar o novo estilo de vida implantado pelas reformas.

Nada acontece por acaso

(Fonte: Crosscut/Reprodução)(Fonte: Crosscut/Reprodução)

É essa a ideia que a socióloga Sylvie Tissot discute sobre esse processo social. A gentrificação atua através de um efeito dominó quando começa. Os gentrificadores não dependem apenas do mercado para trazer mudanças, eles mesmos acabam trabalhando para mudar a área mais a seu gosto — e isso pode significar denunciar espeluncas ou comércios locais para as autoridades.

Muitas pessoas acabam preferindo que caia um bar decadente de um dono que nem sequer renova, para que uma vitrine do Starbucks ganhe espaço na rua. Isso, por exemplo, acontece no Harlem desde a década de 1970, com moradores tentando estabilizar a própria comunidade para atrair proprietários e varejistas de classe média para a região.

Ainda que seja um processo cutucado por legisladores e órgãos governamentais, as pessoas, consequentemente, acabam empurrando uma comunidade inteira em direção a essa mudança — ainda que de maneira involuntária.

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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