Home
Notícias
O que leva o grupo Boko Haram a sequestrar crianças na Nigéria?
Notícias

O que leva o grupo Boko Haram a sequestrar crianças na Nigéria?

publisherLogo
Mega Curioso
09/03/2022 15h30
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/14913820/original/open-uri20220309-19-np705f?1646840097
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

O Boko Karam é um grupo radical islâmico de perfil fundamentalista e terrorista, formado no ano de 2002, eles visam a imposição da sharia, a lei islâmica, no norte da Nigéria, por meio do uso da força e da violência. Seu nome significa, figurativamente, "a educação ocidental é um pecado", e por esta razão eles lutam para acabar com a democracia no país e promover uma educação exclusivamente islâmica.

Agindo com extrema violência e perversidade, o Boko Haram ficou famoso por atacar aldeias inteiras, incendiando casas, raptando, violando e causando ferimentos graves às vítimas para, com isso, matá-las ou capturá-las.

Desde o início de sua insurgência, em julho de 2009, o grupo já matou dezenas de milhares de pessoas. As estimativas mais recentes da ONU apontam que mais de 350.000 pessoas foram mortas, a maioria delas crianças com menos de cinco anos.

As motivações do Boko Haram

(Fonte: AFP/Getty Images)(Fonte: AFP/Getty Images)

Fundado por Mohammed Yusuf no ano de 2002, uma das ideias do líder do Boko Haram com a onda de sequestros era purificar o norte da Nigéria. O grupo acreditava que a jihad, conceito da religião islâmica habitualmente entendido como "guerra santa", uma luta armada contra os infiéis e inimigos do Islã, deveria ser adiada até seu fortalecimento, de modo que conseguissem derrubar o governo nigeriano.

Estudiosos afirmam que Yusuf seria inspirado pelo pregador islâmico Mohammed Marwa, o Maitatsine. Havia uma negação maior que à educação ocidental, incluindo também a negação da teoria da evolução, da ideia de Terra esférica, entre outros pontos.

Para os integrantes do Boko Haram, a ocidentalização da sociedade nigeriana havia levado o país a uma cultura da corrupção. Analistas creditam esse ponto específico às crises econômicas enfrentadas pelo país africano, cuja concentração de riqueza se ateve a membros de uma pequena elite política, principalmente no sul do país, que é uma região majoritariamente cristã.

Por que o foco em crianças?

(Fonte: Reuters/Joe Penney)(Fonte: Reuters/Joe Penney)

Desde o famoso sequestro de 2014, em que mais de 270 meninas foram raptadas na cidade de Chibok, no nordeste da Nigéria, o número de crianças sequestradas vem aumentando exponencialmente. Isso ocorre porque o ato em Chibok deu notoriedade ao Boko Haram. Soma-se a isso que sequestrar estudantes, e não turistas, garante visibilidade e envolvimento do governo nigeriano — o que pode render milhões de dólares em resgate.

Especialistas afirmam que esse movimento tornou os sequestros lucrativos, mas também alertam que o Boko Haram faz das crianças um alvo, também, para que elas sejam usadas como escravas em seus campos, incluindo fins sexuais, no caso de meninas. Já o sequestro de meninos pode ter ligação com um alistamento forçado de novos combatentes.

De acordo com dados da Nigeria Security Tracker, mais de US$ 18 milhões foram pagos como resgate por vítimas sequestradas entre os anos de 2011 e 2020. Esse dinheiro permite que o grupo fundamentalista financie suas operações e mantenha sua unidade. Em 20 anos de existência, foram apenas três líderes diferentes, ainda que o assassinato do segundo, Abubakar Shekau, tenha levado a uma cisão no grupo.

Fragmentação religiosa e cultural do país fortalece o grupo extremista

(Fonte: EPA/Tony Nwosu)(Fonte: EPA/Tony Nwosu)

A Nigéria é um país complexo. Ao mesmo tempo que é a maior economia da África - um dos maiores exportadores de petróleo do mundo — e tem a maior população africana, o país tem também graves problemas sociais, entre eles o separatismo e a violência política.

A Nigéria é uma nação dividida religiosa e culturalmente. Enquanto o norte tem predominância muçulmana, o sul é majoritariamente cristão. O fim de 15 anos de ditadura militar, em 1999, deixou mais expostas essas feridas, o que permitiu o surgimento e fortalecimento do Boko Haram.

A separação do grupo em 2016, com o surgimento de uma facção hostil com ligação com o Estado Islâmico deve levar mais terror à região, especialmente porque deram início a ações nos países vizinhos, como Camarões, Chade e Níger. Há muita pressão sobre o governo local para acabar com a violência dos grupos armados, mas, por enquanto, o futuro é incerto. Infelizmente.

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também