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'Parker Indolor': o legado do dentista mais antiético da história
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'Parker Indolor': o legado do dentista mais antiético da história

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Mega Curioso
17/12/2021 19h00
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Nascido Edgar Randolph R. Parker, em algum momento de 1872, no Canadá, ele mudou seu nome “Parker Indolor” em prol do trabalho, e assim ficou conhecido. Em 1892, assim que se formou na Faculdade de Odontologia da Filadélfia, ele começou a exercer a profissão quando cáries ainda eram algo novo na Odontologia, mesmo considerado um péssimo aluno, que só se formou porque implorou ao reitor que o aprovasse.

Sua inaptidão dos estudos talvez viesse do fato de que ele nunca quis ser um dentista, mas sim médico, desde seus 17 anos. No entanto, Parker foi proibido pela mãe, que acreditava na "ciência cristã", não na Medicina, e foi encaminhado a um frenologista para decidir seu futuro. Essa prática pseudocientífica era bem comum na época para decidir o caráter e as habilidades de uma pessoa por meio do tamanho e da forma de várias saliências na cabeça. O profissional disse que o destino de Parker era ser um dentista.

Apesar do que estava predestinado, aparentemente no próprio corpo até, Parker sofreu durante toda a sua carreira acadêmica. E, quando finalmente se formou, por pura chantagem, abriu uma pequena clínica em New Brunswick, mas não viu um paciente cruzar a porta de seu consultório, em uma época em que era considerado antiético para um dentista divulgar o próprio trabalho. Um mês depois, apesar do juramento que fez ao reitor de nunca desonrar sua faculdade, Parker decidiu mudar de estratégia.

O grande showman

(Fonte: Santa Cruz Sentinel/Reprodução)(Fonte: Santa Cruz Sentinel/Reprodução)

Desesperado e falido, Parker saiu às ruas discursando para potenciais clientes sobre higiene bucal, que na época soava apenas como um sermão de uma mãe exigente. Após isso, ele se oferecia para extrair dentes de qualquer pessoa por apenas 50 centavos, dando US$ 5 de garantia para quem sentisse dor enquanto arrancava o dente. 

Ele não tinha dinheiro, óbvio, apenas uma boa jogada de marketing e hidrocaína. Sem que os pacientes soubessem, Parker esguichava cocaína diluída na cavidade dentária deles, em vez de injetá-la, então nunca sentiam dor — pelo menos não durante o procedimento. E, foi com o sucesso de sua tática, que nasceu a alcunha "Parker Indolor", que se tornaria mais do que uma forma de autopromoção de sua imagem como dentista.

Assim, Parker deixou um rastro de pacientes furiosos, enganados e feridos quando se mudou para a Califórnia, com a American Dental Association o denominando "uma ameaça à dignidade da profissão", mas nada o impediu de se tornar cada vez mais famoso.

(Fonte: The New York Times/Reprodução)(Fonte: The New York Times/Reprodução)

Aos poucos, Parker foi atraindo cada vez mais clientes, porém sua vida profissional só deslanchou quando conheceu William Beebe, ex-funcionário de P.T. Barnum . O homem foi o responsável por transformar o dentista em uma verdadeira estrela ao se tornar seu agente e gerente. 

“Você está à frente de seu tempo, doutor. Um dia todos os profissionais de Saúde farão propaganda. Você é um pioneiro da Odontologia”, disse ele a Parker, segundo o livro The Early Adventures of Painless Parker.

Ainda que toda aquela publicidade estivesse ultrapassando o limite do aceitável de tão antiética que era, Beebe surgiu com uma estratégia para levar a carreira de Parker para outro patamar: criar um circo dentário, com intuito de torná-lo uma espécie de Barnum da Odontologia, um showman.

Um legado controverso

(Fonte: CKPG Today/Reprodução)(Fonte: CKPG Today/Reprodução)

Vestindo uma cartola, um jaleco e um colar que fez com 357 dentes que teria, supostamente, arrancado em um só dia de trabalho, Parker se promoveu ainda mais por meio da farsa, em 1913. Ele levava para o centro do picadeiro uma pessoa e simulava uma extração dentária totalmente indolor para convencer o público de sua capacidade. Tudo isso acontecia ao som de uma banda durante um show de acrobacias de artistas circenses para distrair as pessoas e amenizar os gritos de dor que viriam quando o trabalho terminasse.

Todas as histórias positivas de pacientes sobre o trabalho de Parker, provavelmente, são falsas. O dentista foi processado várias vezes e perdeu suas licenças odontológicas em vários estados ao longo dos anos. Ele não se preocupava mais com a profissão, apenas com o show.

(Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)(Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)

Em 1915, ele mudou legalmente seu nome para "Parker Indolor" e abriu uma rede de 30 clínicas dentárias na costa oeste dos Estados Unidos, preocupando-se mais em fornecer procedimentos caros do que realmente beneficiar a saúde da população.

Porém, apesar de todo esse circo, Parker foi o primeiro a vender uma linha de produtos odontológicos, bem como foi o pioneiro na propaganda de trabalho de sua área, contribuindo para o desenvolvimento da ética profissional em Odontologia por meio de seu mau comportamento, charlatanismo descarado e busca incessante por lucros.

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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