Por que as pessoas começaram a comer múmias egípcias?
Mega Curioso
Existem muitas histórias malucas que englobam as sociedades europeias de antigamente. Porém, poucas delas são tão esquisitas sobre o período na história do planeta em que comer múmias egípcias tornou-se uma prática aceita entre os europeus. Afinal, por que essas pessoas achavam que o canibalismo era bom para a saúde?
Entre a Idade Média e o século XIX, existia a crença de que restos humanos triturados e tingidos poderiam ser capazes de curar qualquer tipo de coisa, desde simples dores de cabeça até a gravíssima peste bubônica. Com isso, os cadáveres enfaixados do Egito Antigo viraram objeto de grande fascínio e passaram a ser atacados. Entenda mais sobre o assunto nos próximos parágrafos!
Consumo de múmias
(Fonte: Shutterstock)
A fé de que comer múmias faria qualquer doença ir embora do corpo fez com que muitas pessoas passassem a ingerir algo com um gosto terrível por séculos. As múmias, que são produtos de um corpo mumificado, eram uma substância medicinal consumida por pobres e também pelas classes mais altas.
Essa "iguaria" poderia ser encontrada em boticários por vários cantos da Europa e era criada a partir dos restos mortais de múmias trazidas de tumbas egípcias para a região. A partir do século XII, histórias sobre as propriedades medicinais sobrenaturais dos fragmentos de múmias triturados passaram a se espalhar pelo continente.
Com isso, essa substância se tornou um medicamento prescrito pelos próximos 500 anos. Como os antibióticos ainda não haviam sido inventados, eram comum que médicos prescrevessem crânios, ossos e carne moídos para tratar diversas doenças e reduzir algum tipo de inchaço no corpo.
Hábitos vitorianos
(Fonte: Shutterstock)
No século XIX, a maioria das pessoas parou de consumir múmias para tratar doenças, uma vez que novos métodos medicinais estavam surgindo. Mesmo assim, isso não parou uma série de práticas bizarras na Era Vitoriana. Entre a população mais rica, era comum organizar festas para "desembrulhar" cadáveres egípcios para o entretenimento de uma festa.
A primeira expedição de Napoleão ao Egito em 1798 despertou a curiosidade europeia e permitiu que mais pessoas pudessem ir até à região para obter edições de múmias inteiras. Ao retornarem para a Europa, então, esses curiosos artefatos e recém descobertos seriam abertos para sanar a curiosidade de outros aristocratas.
Nesse ponto, as múmias mal serviam qualquer propósito de pesquisa ou medicinal, mas eram um chamariz para quem tinha dinheiro. A emoção de ver carne e ossos secos aparecendo à medida que as bandagens se soltavam causavam adrenalina na festa e despertava multidões. Porém, aquilo também significava que uma parte importante da história estava sendo desperdiçada.
Para restaurar a normalidade das coisas, as festas de desembrulho tiveram fim no século XX. Além do evento ser de extremo mau gosto, a destruição inevitável dos artefatos estava provocando perdas arqueológicas irreparáveis. Desde então, as múmias voltaram a ser respeitadas como indivíduos que faleceram e merecem seu momento de descanso.