Quem foi Madame Mao, a mulher mais temida da China comunista
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Jiang Qing, apelidada de Madame Mao pelo ocidente, foi a terceira e última esposa do temido líder comunista chinês, Mao Tsé-Tung . Revolucionária para uns e radical para outros, ela fez seu próprio caminho rumo ao topo.
Jiang e Mao. (Fonte: Day Day News/ Reprodução)
Jiang nasceu em 1914, batizada Li Shu-meng mas viria a adotar vários pseudônimos ao longo de sua vida. Casou-se com Mao em 1939, dez anos antes de ele se tornar presidente. Contudo, é mais lembrada por ter liderado a Revolução Cultural, iniciada em 1965.
Rumo ao poder
Em 1949, a República Popular da China havia, finalmente, se estabelecido. Nessa época Jiang Qing se manteve distante dos olhares do público e aparecia ocasionalmente como anfitriã em eventos culturais ou recepcionando visitantes estrangeiros.
Mao e Jiang em 1946. (Fonte: Getty Images/ Post Magazine/ Reprodução)
A partir de 1963, no entanto, Jiang começou a ser mais ativa na política. Uma de suas primeiras iniciativas foi patrocinar um movimento teatral, que tinha a finalidade de adicionar formas de arte tradicionais com temas proletários. A reforma cultural encabeçada por Jiang cresceu aos poucos, culminando na Revolução Cultural que começou a varrer o país asiático em 1966.
Nesse mesmo ano Jiang chegou ao auge de seu poder e influência . Em 1966 conquistou muita fama, respeito e seguidores graças aos discursos inflamados que fazia em reuniões de massa e devido ao seu envolvimento com grupos de jovens radicais da Guarda Vermelha.
O terror revolucionário
Sendo uma das pouquíssimas pessoas em que Mao Tsé-Tung confiava, Jiang Qing acabou ficando com o posto de vice-chefe da Revolução Cultural. Com isso, obteve extensos poderes sobre o funcionamento da vida cultural chinesa.
Nesse cenário é interessante lembrar que a China é dona de uma cultura com milênios de história e, com a Revolução Cultural, o país viu milhares de casas serem invadidas. Quadros, instrumentos musicais e manuscritos foram destruídos.
Estima-se que cerca de 7 mil monumentos históricos tenham desaparecido. Fora do campo patrimonial, milhares de pessoas foram torturadas e perseguidas, principalmente aquelas que tinham algum indício de afinidade com o confucionismo ou com o mundo ocidental.
Para se ter ideia do terror, em Guangxi, próximo da fronteira com o Vietnã, lanchonetes exibiam os corpos dos inimigos do Estado pendurados como carne de porco em ganchos. Quem quisesse comer, era só pedir um pedaço do humano morto . Diretores de inúmeras escolas também foram parar "na panela" pelas mãos dos estudantes, que depois comiam suas carnes.
O fervor inicial da Revolução Cultural, contudo, foi diminuindo ao mesmo tempo em que a importância de Jiang também era afetada. Ela voltaria aos holofotes por pouco tempo em 1974 como uma porta-voz e líder cultural da nova política do marido.
A gangue dos quatro
A Revolução Cultural de Mao usou e abusou do poder, atormentando a China ao extremo e mesmo assim ele não seria responsabilizado. Na realidade, o Partido Comunista chegou à conclusão que era melhor reconhecer que a iniciativa havia sido terrível, e que Mao tinha culpa.
No entanto, num misto de desvio de intenções e enganos, a culpa foi direcionada para a chamada Gangue dos Quatro, formada por oficiais do alto escalão do Partido que adotaram uma versão radicalizada da revolução.
(Fonte: AP/ BBC/ Reprodução)
Após a morte de Mao em setembro de 1976, a Gangue dos Quatro começou a perder poder. Cerca de um mês depois, seus membros (incluindo Jiang Qing) foram denunciados, expurgados do Partido e submetidos a julgamentos que mais pareciam espetáculos.
A defesa de Jiang alegou que ela agiu sob às ordens do marido, mas ainda assim acabou condenada à morte. No entanto, não foi executada e, em maio de 1991, foi encontrada morta aos 77 anos. Oficialmente, a causa da morte foi suicídio, mas há quem duvide dessa versão.