Sempre existiu celibato para membros da Igreja?
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A crença de que figuras religiosas deveriam manter o celibato para o resto da vida não foi algo que nasceu com o Cristianismo, mas através dele foi perpetuado. Padres druidas antigos já realizavam o celibato e na sociedade asteca esperava-se que os padres se mantivessem sexualmente abstinentes.
Apesar da bíblia citar que Jesus viveu uma vida casta e nunca se casou, nem sempre esse estilo de vida foi seguido por membros da Igreja Católica. No passado, o catolicismo não possuía qualquer tipo de regra rígida sobre o clero não poder se casar ou ter filhos. Então, quando foi que isso se tornou uma obrigação?
Mudanças na Igreja Católica
(Fonte: Wikimedia Commons)
A história de Pedro, um pescador da Galileia e um dos apóstolos de Cristo, é um exemplo de como o catolicismo se adaptou com o passar dos séculos. Considerado o primeiro Papa pela Igreja Católica, foi casado ao longo da sua vida e possuiu ao menos um filho, segundo os relatos da bíblia.
Já o primeiro mandato escrito que exigia a castidade entre sacerdotes só veio existir de fato em 304 a.C. Segundo o cânone 33 do Concílio de Elvira, todos os "bispos, presbíteros e diáconos e todos os outros clérigos" deviam "abster-se completamente de suas esposas e não ter filhos".
Tempos depois o Concílio de Niceia, convocado pelo imperador romano Constantino,
rejeitou a proibição de casamento de padres solicitada por clérigos espanhóis — e as coisas permaneceram assim por muito tempo. Somente durante o século XI é que prática do celibato sacerdotal realmente começou a se espalhar na Igreja Ocidental no início da Idade Média.
Criação de regras
(Fonte: Wikimedia Commons)
No início do século XI, o Papa Bento VIII respondeu ao declínio da moralidade sacerdotal emitindo uma regra proibindo os filhos dos padres de herdar propriedades. A preocupação com a moralidade do clero foi algo reafirmado pelo Papa Gregório VII décadas depois, quando emitiu um decreto contra os casamentos clericais.
Sendo assim, a Igreja há mais de mil anos se posicionou definitivamente a favor do celibato, no século XII durante o Segundo Concílio de Latrão, realizado em 1139, quando enfim um decreto proibiu os padres de se casarem. Em 1563, o Concílio de Trento reafirmou a tradição do celibato.
Segundo especialistas, a decisão tomada pela Igreja Católica teve como objetivo distinguir o clérigo como um "grupo especial de pessoas". Logo, uma vida de celibato seria uma forma de separar-se do mundo pecaminoso. Outros pesquisadores também sugerem que a adoção da castidade acabou sendo uma forma de elevar o status dos padres em uma época em que a Igreja estava sendo desafiada por nobres e demais autoridades.
Posição oficial
(Fonte: Wikimedia Commons)
Após a adoção do celibato por membros do clérigo, protestantes vieram se opor à regra adotada. Na visão de alguns, a castidade incentivava práticas "pecaminosas" como a masturbação, a homossexualidade e a fornicação ilícita. Para Martinho Lutero, fundador da Igreja Luterana, a masturbação poderia ser vista como um dos pecados mais graves para aqueles que eram celibatos.
É por esse motivo que as igrejas protestantes nos Estados Unidos se manifestaram totalmente contrárias à castidade. Atualmente, a Igreja Católica permanece defendendo a posição adotada após o Concílio de Trento. O celibato é considerado uma parte importante do sacerdócio e um sinal do compromisso do sacerdote com Deus.
Entretanto, algumas exceções podem ser consideradas. Por exemplo, os ministros anglicanos que já eram casados quando se filiaram à Igreja Católica têm permissão para permanecer casados se decidirem ingressar no sacerdócio.