Sérgio Mamberti: relembre a carreira do saudoso Dr. Victor
Mega Curioso
Por mais que os artistas faleçam, como qualquer ser humano, suas obras permanecem vivas e são lembradas para sempre. O ator Sérgio Mamberti partiu na madrugada desta sexta-feira, 3 de setembro, em consequência de falência múltipla dos órgãos, aos 82 anos. Porém, para uma geração de crianças que cresceu nos anos 1990, ele será sempre lembrado como o querido Dr. Victor, da série Castelo Rá-tim-bum (TV Cultura, 1994-1997).
Os mais noveleiros também têm um carinho enorme por outro papel importante da carreira de Sérgio Mamberti: o divertido mordomo Eugênio, de Vale Tudo (1988). Refinado, ele vivia citando filmes antigos de Hollywood toda vez que entrava em cena — foi um dos maiores suspeitos do mistério sobre "quem matou Odete Roitman?", no final da história. Mesmo sendo um personagem secundário, o carisma do ator permitiu que o público se identificasse com seu mordomo e o personagem fosse lembrado até hoje.
Mas a carreira de Sérgio Mamberti vai muito além do cientista-feiticeiro e do mordomo cinéfilo: foram mais de 50 anos de trabalho na televisão, teatro e cinema.
O mordomo Eugênio, da novela Vale Tudo, é um dos papeis mais lembrados do ator (Imagem: G1/Reprodução)
Mais de meio século dedicado à arte
Antes de se tornar conhecido em todo o Brasil, por seus trabalhos na televisão, Mamberti já era uma personalidade importante no teatro, sendo reconhecido nos prêmios Governador de São Paulo e APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
Ele atuou em dezenas de peças, desde o início dos anos 1960, dirigido por Antônio Abujamra e pelo saudoso Paulo José, que também nos deixou recentemente. Na mesma década, fez também sua estreia no cinema, atuando em clássicos como O Bandido da Luz Vermelha e Toda Nudez Será Castigada.
Sérgio Mamberti estreou no teatro e no cinema nos anos 1960 (Imagem: TV História/Reprodução)
Na TV, Mamberti teve seu primeiro papel de destaque em 1981, no papel de Galeno na novela Brilhante. Foi sua primeira parceria com o autor Gilberto Braga, que também o presenteou com o papel do mordomo Eugênio, anos depois. Entre as décadas de 1990 e 2000, o ator fez vários papeis de senhores simpáticos, como o próprio Dr. Victor, o Napoleão da novela Olho no Olho e Alaor em Estrela-Guia.
Mesmo com a idade avançando, Sérgio Mamberti não parou de trabalhar e manteve a energia para se reinventar após décadas de carreira: ele impressionou por seu trabalho como o terrível vilão nazista Dionísio, na novela Flor do Caribe. O trabalho de Mamberti é um dos pontos altos da novela, que foi reprisada recentemente.
O ator ainda faria mais uma parceria com o escritor Walther Negrão em sua última novela, Sol Nascente, em 2016, mesmo ano de sua participação na série 3%, produzida pela Netflix. Seus últimos trabalhos foram no teatro, rendendo até um Grande Prêmio da APCA, em 2018. Além disso, ao longo de suas décadas na arte, ele também atuou na política, com vários cargos no Ministério da Cultura, durante a gestão do Partido dos Trabalhadores.
Sérgio Mamberti trabalhou até os últimos anos de vida no teatro (Imagem: G1/Reprodução)
Sérgio Mamberti foi casado Vivien Mahr, que faleceu cedo, mas lhe deu três filhos: Cláudio, Fabrizio e o também ator Duda Mamberti. Já viúvo, assumiu sua bissexualidade e conheceu Ednardo Torquato, com quem viveria por 37 anos, até a morte deste. Com o parceiro, adotou uma filha, Daniele. Além de sua família, Sérgio Mamberti permanecerá lembrado por aqueles que acompanharam seu trabalho.