Astrônomos classificam 2 exoplanetas como verdadeiros ‘mundos aquáticos’
Tecmundo
Um estudo da Universidade de Montreal (Canadá) classificou 2 exoplanetas conhecidos como verdadeiros “mundos aquáticos”, em razão de grande parte de seus volumes serem compostos por água. Eles orbitam uma estrela anã vermelha a 218 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Lyra, e são diferentes de qualquer planeta do nosso Sistema Solar.
Os exoplanetas são quase idênticos e foram descobertos em 2014 pelo Kepler, telescópio espacial da NASA, razão de serem denominados Kepler-138c e Kepler-138d. Com ajuda de dados dos satélites Spitzer e Hubble, os astrônomos descobriram que cada um deles é cerca de 50% maior do que a Terra, com o dobro da massa, mas com metade da densidade do nosso planeta.
Essa proporção fez com que os pesquisadores descartassem a possibilidade de se tratar de mundos rochosos, conforme se acreditava. Vale destacar que a água não foi diretamente detectada, mas sugerida através de modelos. Dessa forma, a comparação de seus tamanhos e massas em simulações levou à conclusão de que esses planetas devem ser feitos de materiais mais leves do que a rocha, mas mais pesados do que hidrogênio ou hélio, sendo a água o candidato mais comum.
Ao contrário da hidrosfera da Terra, a água nos exoplanetas Kepler-138c e Kepler-138d se dá através de vapor na atmosfera e em zonas de alta pressão nas profundezasFonte: Universidade de Montreal/Reprodução
No entanto, os planetas distantes não devem apresentar oceanos em suas superfícies, ao contrário do que ocorre em nossa hidrosfera. Isso porque as temperaturas de Kepler-138c e Kepler-138d passam do ponto de ebulição da água, cujo estado líquido que domina a superfície na Terra dá lugar a uma atmosfera de vapor espessa e densa. Somente sob essa atmosfera de vapor poderia haver água líquida, em alta pressão nas profundezas.
Assim, o trabalho que foi publicado na revista Nature Astronomy aponta que muitas Superterras — planetas com massa superior à da Terra — conhecidas também podem ser mundos aquáticos. Nesse sentido, a expectativa é a de que novas técnicas e instrumentos mais sensíveis possam no futuro encontrar e estudar com mais detalhes outros planetas com a mesma natureza do Kepler-138c e Kepler-138d.