Veneno de cobra pode ser usado para controlar hemorragia, diz estudo
Tecmundo
De acordo com uma pesquisa realizada na Universidade de Queensland, na Austrália, foram encontradas proteínas em venenos de cobras que podem ser usados como um acelerador do processo de coagulação do sangue de um ser humano. Em outras palavras, o veneno pode se tornar um medicamento para parar hemorragias.
A equipe de pesquisa do Instituto Australiano de Bioengenharia e Nanotecnologia (AIBN) da universidade é liderada pela pesquisadora e pós-doutorada Amanda Kijas, que encontrou a proteína nos venenos de duas cobras: pseudonaja textilis (cobra-marrom) e echis carinatus (saw-scaled viper) — ambas são encontradas facilmente na Austrália.
As proteínas estão sendo usadas para desenvolver um gel que poderá ser vendido em farmácias e até usado por paramédicos ou militares em zonas de combate. Assim, o gel pode ser aplicado em um paciente para parar o sangramento até ele ser levado ao hospital.
A equipe também está estudando o veneno para tratar lesões traumáticas e queimaduras
“A pesquisa mostra que há cinco vezes menos perda de sangue e os coágulos se formam três vezes mais rapidamente quando o gel de veneno é aplicado, em comparação com o processo natural do corpo. Isso inclui até mesmo pessoas com hemofilia e aquelas que usam anticoagulantes”, disse Kijas.
Veneno de cobra que vira remédio
A líder da pesquisa também afirma que cerca de 40% das mortes relacionadas a traumas são por conta de sangramentos descontrolados — o número aumenta em zonas de guerra. Ela explica que quando uma lesão ocorre, o processo de cura pode sobrecarregar a capacidade do nosso corpo e, assim, o gel poderá ser usado para acelerar o processo natural de coagulação do sangue.
A pseudonaja textilis, também conhecida como cobra-marrom, é uma das cobras mais venenosas do mundo
Por enquanto, o gel do veneno está sendo testado em avaliações pré-clinicas, mas o projeto será ampliado para aplicações comerciais — o gel permanece liquido enquanto é armazenado, mas solidifica ao entrar em contato com o corpo para "selar" a ferida.
O estudo, publicado na revista científica Advanced Health Care Materials, está sendo financiado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e recebeu sangue doado pela Cruz Vermelha Australiana.
ARTIGO Advanced Health Care Materials: doi.org/10.1002/adhm.202200574