Em CPI, 99 mentiu sobre pagamentos a motoristas no Brasil
Tecmundo
O The Intercept Brasil divulgou nesta quarta-feira (22) uma reportagem sobre a CPI dos Aplicativos de Transporte realizada pela Câmara Municipal de São Paulo, afirmando que o diretor de políticas públicas da empresa 99, Diogo Santos, mentiu aos vereadores. O executivo disse que as tarifas cobradas dos motoristas variam entre 10% e 40%, com valor médio de 14%.
A informação do representante foi prestada sob juramento na sessão de 23 de novembro, em que o motorista de aplicativo Gerson Ferreira acusou a empresa de transporte de taxar os condutores de forma abusiva. Segundo o Intercept, diversos prints de corridas enviadas por motoristas ao vereador Marlon Luz, e repassados ao site, revelaram casos em que a taxa cobrada pela 99 ultrapassou o patamar de 60%.
Um dos exemplos publicados no site mostra que, em uma corrida de R$ 15,06, o motorista ficou com apenas R$ 6,65, valor insuficiente para pagar um litro de gasolina na capital paulista. Outras imagens mostradas registram cobranças de 56% e 41%.
As taxas da 99 se baseiam em uma tabela fixa de repasses mínimos, que varia conforme o tempo e a quilometragem. Por isso, os vereadores pressionaram o representante para divulgar qual era o valor da porcentagem.
O retorno da 99 à Câmara Municipal
Fonte: Câmara Municipal de São Paulo/Documentos cedidos ao The Intercept Brasil.
Em seu retorno à Câmara Municipal, no dia 7 de dezembro, a posição de Santos mudou radicalmente, pois chegou à penúltima sessão da CPI de 2021 amparado por um habeas corpus, o que mudou sua posição de testemunha para investigado, garantindo-lhe o direito de permanecer em silêncio. A 99 chegou a pedir sigilo sobre a medida judicial protetiva, mas a juíza negou o pedido.
Nessa condição, o executivo limitou-se a reconhecer que “estamos vivendo hoje um desafio ainda maior para muitas pessoas, para o motorista em particular, por causa do preço da gasolina”, mas em nenhum momento explicou as cobranças maiores do que ele divulgara anteriormente. Ele afirmou que não seria de nenhum interesse da empresa praticar tarifas acima do que ele havia comentado. Santos ainda alegou desconhecer os casos apresentados.