Home
Tecnologia
NASA vai fazer análise de DNA direto da ISS com edge computing da IBM
Tecnologia

NASA vai fazer análise de DNA direto da ISS com edge computing da IBM

publisherLogo
Tecmundo
16/08/2021 21h26
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/14633173/original/open-uri20210816-19-1ttgvim?1629149360
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

Um projeto realizado em parceria entre NASA e IBM pretende reduzir o tempo na troca de dados de análises entre o espaço e a Terra de semanas para horas. Mais especificamente, o Edge Computing em órbita atua na Estação Espacial Internacional (ISS) e tem ajudado a agência norte-americana a se preparar para as missões Artemis , que devem levar os seres humanos à Lua, mais uma vez, em 2024.

A solução utiliza um conjunto de contêineres IBM Cloud on Earth e Red Hat CodeReady, além do HPE Spaceborne Computer-2 , lançado em fevereiro deste ano. Com isso, as amostras de DNA podem ser analisadas diretamente da ISS. Anteriormente, o processo utilizava discos rígidos físicos e levava de seis a oito semanas para que os dados chegassem à Terra, tempo que deverá ser reduzido para algo entre seis e oito horas.

Os testes para validar a aplicação, relata ao TecMundo Naeem Altaf, CTO do Space Tech da IBM, foram efetivos. Em agosto de 2020 foram realizados testes em solo, e em julho foram realizadas provas de conceito com o processamento de dados de teste na ISS.

A ideia do Edge Computing em órbita é processar os dados computacionais localmente da ISS, de onde o dado é "criado", o que resulta em redução de tempo e ganho de agilidade. Com isso, será possível analisar a exposição de longo prazo à radiação em organismos (como plantas e pessoas), além de ajudar a identificar micróbios na própria estação.

Isso é importante e significa uma maior autonomia da computação terrestre para os astronautas e pesquisadores, o que deve auxiliar a agência em missões futuras. "É uma revolução na pesquisa espacial" e algo que os astronautas "nunca tiveram antes", afirmou Bryan Dansberry, Education Specialist da NASA.

O tempo é precioso

O sequenciamento genético, realizado diretamente da ISS, conta com pequenos contêineres que criam um ambiente local para o processamento dos dados. A tecnologia permitirá identificar quais micróbios estão presentes no ambiente e nos astronautas, além de estudar mudanças no DNA.

"O sequenciamento de DNA serve para descobrir as características de um organismo. Ele pode ser muito benéfico para monitorar a saúde de um astronauta, ou descobrir possíveis infecções na estação espacial", diz Altaf.

O engenheiro relata que são quatro contêineres que dividem as etapas do sequenciamento de DNA. Ele explica que esse processo precisa ser ágil e dá o exemplo de um carro autônomo, que tem que "tomar decisões em tempo real". Na prática, a solução cria um cluster OpenShift de nó único, que se conecta à IBM Cloud por meio de uma VPN aos sistemas terrestres. Assim, será possível enviar os dados à Terra para que sejam validados, e depois o código é enviado à ISS para a execução.

Para Dansberry, a evolução tecnológica na estação é nítida, destacando "o quanto eles [astronautas e pesquisadores] poderão fazer". Ele também relembra que todo o processo de sequenciamento é comumente demorado, mas que, agora, "isso poderá ser feito diretamente em projetos sobre a Lua, ou Marte, de lá [da ISS]". Algumas das vantagens, aponta, permitirão "multiplicar esses resultados e experimentos", e trazer "mais capacidades computacionais e automatizadas".

Lixo espacial e monitoramento da Terra

É sabido que, orbitando a Terra, há o que a NASA chama de detritos orbitais. Muitos desses são invenções humanas, como pedaços de naves espaciais ou de satélites. A SpaceX, por exemplo, pretende operar cerca de 42 mil satélites enquanto expande o projeto Starlink. Segundo a agência norte-americana, existem mais de meio milhão de detritos, de diferentes tamanhos, na órbita do planeta.

Como tecnologia de monitoramento, utilizando a computação em nuvem, também será possível prever possíveis problemas relacionados aos detritos espaciais. Em entrevista à CNN em junho deste ano, Bill Nelson, administrador da NASA, disse que o problema é "perigoso e vergonhoso para qualquer um — incluindo os EUA". Em maio, por exemplo, um braço robótico da ISS foi atingido por um desses objetos.

Atualmente, segundo Altaf, é preciso ser feito um melhor trabalho para rastrear, analisar e identificar a localização de milhares desses objetos em órbita. A plataforma AstriaGraph, por exemplo, também poderá se beneficiar das tecnologias da IBM para analisar e combinar dados com mais agilidade, com a finalidade de gerar melhores estimativas.

Foto da ISSImagem capturada da ISS mostra luzes noturnas em região da África do Sul e céu estrelado.

Mas o problema é também político, pois muitos dos objetos são de tecnologias obsoletas, ao passo em que as novas continuam sendo enviadas ao espaço. "Infelizmente é um problema que não pode ser resolvido só com tecnologia, mas sim com políticas", afirmou.

Altaf também aponta que a tecnologia pode ser útil "em qualquer lugar, desde que haja a estrutura" necessária. Isso inclui outros planetas — como em Marte —, mas também por aqui, monitorando a Antártica, desertos, florestas. Assim, o projeto também pode ser útil em áreas remotas e de extremas condições; seja pelo fator ecológico ou pela dificuldade de acesso.

A mesma visão é compartilhada por Dansberry, que inclui ainda a telemedicina. Ao TecMundo, ele relata que isso permitirá realizar melhores mapeamentos, e que a aplicação da tecnologia para combater desastres naturais também pode ganhar um "upgrade", citando a coleta de imagens da ISS "em tempo quase que real".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também