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O acesso à educação no Brasil funciona?
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O acesso à educação no Brasil funciona?

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Tecmundo
11/01/2022 23h00
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Nos últimos meses, a pandemia de covid-19 acelerou a transformação de nossas rotinas e dia a dia em diversas frentes: precisamos mudar o nosso formato de trabalho e dar mais atenção à nossa saúde, passamos a consumir em e-commerces e apenas assistimos aos dias passarem através de nossas janelas.

 

Como reflexo, tivemos massive online open courses (MOOCs — plataformas abertas de ensino em massa) expandindo suas frentes institucionais, como o Coursera — que fechou parceria com mais de 3,7 mil instituições de ensino durante a pandemia — e diversas soluções digitais com consideráveis aportes de capital, como o caso do Duolingo, um aplicativo de ensino de idiomas que abriu capital na bolsa valendo bilhões de dólares.

No ensino profissionalizante, a explosão das plataformas de ensino se encontrou em uma segunda tendência, alavancada pelos tempos pandêmicos: o pico na demanda por profissionais de tecnologia devido à digitalização de tudo. No Brasil, tem-se um déficit de dezenas de milhares de talentos por vagas todo ano, com remuneração chegando a 2,5 vezes a média do país. 

Edtechs

Entendendo que o "brincar de rouba-monte", ou seja, tentar tirar profissionais de tecnologia de outras empresas, é uma prática pouco sustentável, grandes empresas se viram diante da necessidade de formar novos talentos ou de pelo menos encontrar novas fontes de talentos. Agora, desbloquear novos pools de talentos virou regra, e as empresas passaram a investir nisso com uma atenção redobrada. 

Dessa tendência, nasceram os bootcamps de programação: experiências curtas, mas intensivas, para permitir que pessoas possam entrar na área de tecnologia mesmo sem nenhuma experiência prévia. Com isso, desenvolveram-se novos mecanismos de financiamento: empresas patrocinando programas, financiamentos diferenciados, propostas de devolução do dinheiro caso não consiga emprego e até mesmo uma mecânica de sucesso compartilhado, também conhecida originalmente por Income Share Agreement (ISA).

No ISA, as pessoas participantes só pagam pelo curso quando empregadas em uma faixa salarial atrativa e, geralmente, o pagamento ocorre baseado em uma parcela pequena do salário, de modo a não prejudicar o profissional recém-capacitado. Nesse modelo, destacaram-se as escolas Lambda School e Holberton School.

No Brasil, esse encontro entre (i) empresas que buscam talentos em tech e (ii) pessoas que procuram novas oportunidades de carreira é maior ainda. E, na mesma toada internacional, os últimos 2 anos representaram, para o Brasil, uma explosão em EdTechs.

Assim, abraçando formatos do tipo ISA, as startups Labenu e Trybe captaram milhões de reais de fundos nacionais e internacionais, enquanto outras empresas, olhando para os aspectos financeiros diversos da Educação, também seguiram a tendência de grandes captações, como é o caso de Provi e Isaac. 

Para a educação técnica e profissionalizante, os novos modelos oferecem oportunidades de formação de menor duração quando comparados com graduações formais — com programas de geralmente 6 a 12 meses, além de vivências práticas e orientadas a projetos, dando ênfase à empregabilidade dos modelos.

Modelos assim geram tanto o impacto social de dar acesso a uma educação orientada a empregabilidade quanto impacto econômico ao permitir que empresas possam crescer seus times de Tecnologia, respondendo à demanda crescente por serviços digitais no país. 

***
Artur Vilas Boas é doutor pela Universidade de São Paulo (USP), com pesquisas em Educação e Empreendedorismo. Ele coordenou o Núcleo de Empreendedorismo da USP, além de publicar artigos nacionais e internacionais nos temas formação de universitários, processos de aprendizagem, ambientes de inovação, entre outros. Apresenta vivências internacionais em que explorou boas práticas de instituições de Ensino Superior no Massachusetts Institute of Technology (MIT), Berkeley e na China.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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