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Vírus quase idênticos ao SARS-CoV-2 são encontrados em morcegos no Laos
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Vírus quase idênticos ao SARS-CoV-2 são encontrados em morcegos no Laos

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Tecmundo
29/09/2021 17h00
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"Fascinante, porém aterrorizante". Foi assim que o virologista David Robertson, da Universidade de Glasgow (Reino Unido), definiu a descoberta de que três vírus muitíssimo semelhantes ao SARS-CoV-2 (causador da covid-19) circulam na natureza, entre morcegos que vivem no Laos — um pequeno país do sudeste asiático. 

O achado é preocupante porque revela o potencial de vários outros coronavírus presentes em animais serem capazes de infectar humanos.

Os cientistas responsáveis pelo estudo, da França e do Laos, colheram amostras de saliva, fezes e urina de 645 morcegos em cavernas ao norte do pequeno país. Eles encontraram vírus que são mais de 95% idênticos ao SARS-CoV-2: BANAL-52, BANAL-103 e BANAL-236.

MorcegoAlguns morcegos podem transmitir vírus a humanos (créditos: Nuwat Phansuwan/Shutterstock)

Os três vírus trazem uma implicação no caminho para encontrar a origem do coronavírus: o fato de que a estrutura genética do SARS-CoV-2, antes vista com desconfiança por parte da comunidade científica devido a seu caráter diferente do habitual, é perfeitamente possível de ser encontrada na natureza — o que diminui a suspeita de que o vírus causador da covid-19 tenha sido criado em laboratório.

Os novos vírus encontrados no Laos possuem domínios de ligação ao receptor quase idênticos aos do SARS-CoV-2. É esse mecanismo que permite que o vírus se ligue a um receptor disponível na superfície das células humanas, chamado ACE2 (ou ECA2, em português), causando a infecção. Segundo os pesquisadores, os domínios de ligação ao receptor desses vírus poderiam se ligar ao receptor ACE2 das células humanas com a mesma eficiência de algumas variantes iniciais do SARS-CoV-2.

Vírus trocam pedaços de RNA entre si por meio de um processo chamado recombinação, e uma seção no BANAL-103 e no BANAL-52 poderia ter compartilhado um ancestral com seções do SARS-CoV-2 há menos de uma década, segundo o virologista especializado em evolução Spyros Lytras, da Universidade de Glasgow. Ambos cientistas da universidade deram as declarações em uma reportagem da revista científica Nature.

Mas, embora o estudo do Laos ofereça uma possibilidade sobre as origens da pandemia, ainda faltam ligações, como alertaram os próprios pesquisadores. Por mais parecidos que sejam, seus vírus não contêm um outro componente essencial no spike (espícula), que auxilia a entrada do SARS-CoV-2 em células humanas. Também falta esclarecer como o vírus viajou do Laos até Wuhan, na China central, onde ocorreram os primeiros casos conhecidos de covid-19. O vírus teria pego "carona" em um animal intermediário?

Os resultados do estudo ainda não foram divulgados e aguardam a revisão por pares no servidor de pré-impressão de artigos acadêmicos Research Square. Outro estudo em fase de pré-impressão usou amostras de cerca de 13.000 morcegos de toda a China colhidas entre 2016 e 2021, mas não encontrou nenhum parente próximo do SARS-CoV-2.

Em novembro de 2020 outro artigo na revista Nature revelou que cientistas haviam encontrado tipos de coronavírus intimamente relacionados ao vírus causador da pandemia no Japão e no Camboja — outros dois países asiáticos.

Por que pesquisar outros coronavírus?

Se um vírus for relacionado ao SARS-CoV-2, ou seu ancestral, ele pode fornecer informações cruciais sobre como ele passou dos morcegos para as pessoas, além de ajudar a descobrir a origem da pandemia que já dura mais de um ano e meio e matou mais de 4,7 milhões de pessoas no mundo todo até a terça-feira (28), segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Para fornecer essas informações, segundo os cientistas, o vírus precisa compartilhar mais de 97% de seu genoma com o SARS-CoV-2. Os vírus encontrados no Japão e no Camboja não atingiram essa particularidade, mas as novas amostras do Laos praticamente sim. Agora, estudá-lo pode ajudar a entender o novo coronavírus — e, possivelmente, combatê-lo de maneira eficaz.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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