Estudo aponta nova teoria para surgimento da água na Terra
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Uma nova teoria publicada na revista Astronomy & Astrophysics sugere que a Terra capturou sua água em forma de vapor durante um "banho cósmico" logo após a formação do sistema solar. Essa hipótese desafia a explicação dominante, que atribui a chegada da água principalmente a asteroides e cometas que colidiram com o planeta nos primeiros cem milhões de anos.
De acordo com o astrofísico Quentin Kral, líder do estudo, esse processo poderia ser mais simples e menos aleatório do que se pensava, além de aplicável a outros planetas rochosos do sistema solar, como Marte, Mercúrio, que também apresentam vestígios de água.
O cenário proposto começa no cinturão de asteroides, que era muito mais massivo há 4,6 bilhões de anos. Asteroides daquela época continham grandes quantidades de gelo, como ainda observado em Ceres, o maior entre eles, e em minerais hidratados coletados recentemente do asteroide Ryugu por uma missão japonesa.
Segundo o portal O Globo, o estudo sugere que, com o Sol recém-formado, o aquecimento intenso sublimou o gelo desses asteroides, criando um vasto disco de vapor de água ao redor do sistema solar. Esse vapor, então, se espalhou, sendo gradativamente capturado pela Terra em resfriamento. Uma vez acumulado, o vapor passou a existir no planeta na forma líquida, originando os oceanos e outros reservatórios de água.
O modelo desenvolvido pela equipe funciona tanto para um cinturão de asteroides mais denso, que teria produzido vapor rapidamente, quanto para um cinturão mais fino, que teria liberado vapor ao longo de um período mais extenso.
Radiotelescópio
Embora inédita, a teoria baseia-se em observações recentes feitas pelo radiotelescópio ALMA, especializado na detecção de nuvens de gás e poeira no universo. Descobertas como discos de carbono e oxigênio em cinturões de planetesimais, além de água congelada no cinturão de asteroides de sistemas como o HD 69830, forneceram indícios cruciais para a formulação dessa hipótese.
Para validar a teoria, a equipe de Kral está investigando sistemas jovens que ainda possam conter discos de vapor.
