Covid-19: entenda os perigos das novas subvariantes da ômicron BA.4 e BA.5
Tecmundo
Desde o começo da pandemia de covid-19, assistimos ao surgimento de novas variantes do coronavírus, uma após outra. Para o vírus, cada pessoa infectada é um novo laboratório onde sofre mutações, e cada uma pode se tornar mais perigosa.
Agora, duas novas subvariantes da ômicron estão preocupando especialistas em todo o planeta. Estudos indicam que a BA.4 e a BA.5 são mais contagiosas do que tudo que vimos até agora. Conheça um pouco mais sobre elas.
A última variante considerada de risco pela Organização Mundial da Saúde foi a ômicron. A cepa inicial dela, BA.1, sofreu diversas mutações gerando subvariantes — ou seja, novas versões que carregam ainda algumas semelhanças.
BA.4 e BA.5 fazem parte da segunda geração dessas cepas, mais relacionadas à subvariante BA.2. Bette Korber e William Fischer, pesquisadores do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos, descobridores das novas mutações, afirmam que existem diagnósticos trocados entre elas.
Segundo os cientistas, o número real de casos das novas subvariantes possa estar subestimado. “É importante neste momento específico da pandemia acertar essas ligações”, afirmam Korber e Fischer para a revista Nature.
As cepas BA.4 e BA.5 são mais contagiosas?
A identificação dessas cepas surge em um cenário de aumento dos números globais de infectados pela pandemia. Mas, até agora, as novatas têm causado menos mortes e hospitalizações do que suas versões anteriores, mostrando que a imunização da população trouxe efeitos positivos.
Conhecer o perfil das infecções é importante porque ajuda as autoridades em saúde a traçarem planos de ação adequados para cada caso. Cada nova subvariante traz suas próprias novidades e devemos nós também nos adaptar a elas.
A dupla BA.4 e BA.5, em particular, têm uma capacidade maior de infectar pacientes que antes eram imunes à ômicron ou outras cepas. Por causa disso, também é possível que a partir de agora cada país comece a ter a prevalência de patógenos distintos.
Como foram adotadas diferentes medidas de combate à pandemia, tanto na realização de quarentenas quando na adoção de vacinas, até mesmo populações de países próximos podem ter capacidade imunológica distintas.
Na Suíça, por exemplo, a prevalência da BA.5 é maior que a de BA.4. Por lá os pesquisadores estimam que a infecção pode atingir 15% da população. Mas eles alertam que esse número pode variar de 5% a 30% em outros locais.
O que muda com as novas cepas?
Os impactos das novas mutações também devem ser diferente. Na África do Sul, onde foram descobertas, houve um pequeno aumento no número de casos — que já era alto ali. As taxas de mortalidade e hospitalização, porém, foram menores do que em ondas anteriores.
Em Portugal, por outro lado, esses níveis foram comparáveis aos da primeira onda da ômicron. Isso pode ser atribuído a fatores como a idade média da população. Na Europa em geral há um número maior de cidadãos mais velhos vulneráveis à doença.
Vários estudos têm mostrado também que as novas subvariantes são mais resistentes aos anticorpos produzidos por pessoas vacinadas. O mesmo vale para quem tem imunidade decorrente de infecções prévias.
Isso é um efeito das mutações sofridas pelas cepas BA.2. Entra em ação aqui a teoria da evolução, que determina o sucesso dos organismos mais adaptados. Ao se espalhar na população, a cepa sofre todos os tipos de mutações possíveis.
Porém, em uma população cada vez mais vacinada, só seguem adiantes as mutações que permitem o vírus escapar do efeito das vacinas. E assim surgem subvariantes, como as BA.4 e BA.5, que disparam uma resposta imunológica mais leve nos pacientes.
Mas a evolução não tem lado nessa corrida e pode jogar também em nosso favor. A tendência para o futuro é que as barreiras contra a covid-19 aumentem ainda mais, conforme nosso corpo aprende a lidar com diferentes cepas e subvariantes.
Com a ajuda da tecnologia de imunização, isso é ainda mais verdade. A criação de vacinas é uma forma poderosa de combater o vírus e contornar qualquer variante com escape vacinal preocupante.
Ao que tudo indica, no futuro o SARS-CoV-2 deve se tornar mais um dos outros coronavírus que circulam pelo mundo, com brotes sazonais. Até lá, entretanto, não podemos ignorar o problema.
Sintomas de longo prazo, como a covid longa, ainda são pouco compreendidos pela comunidade médica e não sabemos o que eles podem nos trazer. Por isso a máscara no rosto e vacina no braço ainda devem ser nossos aliados por muito tempo nesse combate.