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IA treinada em ler focinhos consegue identificar estresse e dor em animais
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IA treinada em ler focinhos consegue identificar estresse e dor em animais

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Tecmundo
07/03/2025 22h00
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A comunicação facial tem sido, há muito tempo, uma forma de comunicação usada pelos animais para transmitir como estão se sentindo. Em sua obra “A expressão das emoções no homem e nos animais”, de 1872, Charles Darwin considerava essas expressões de dor e estresse como uma espécie de “linguagem compartilhada” entre os mamíferos, e uma habilidade evolutiva.

Baseada em grande parte na anatomia, essa compreensão motivou cientistas a investigar como diferentes espécies expressam suas emoções através de movimentos musculares sutis. Em entrevista à revista Science, a psicóloga Bridget Waller, da Universidade de Nottingham Trent, na Inglaterra, diz que nós, humanos, compartilhamos 38% de nossos movimentos faciais com cães, por exemplo, 34% com gatos e 47% com primatas e cavalos.

Buscando decifrar expressões faciais dos animais, pesquisadores têm recorrido à IA, desenvolvendo algoritmos que são mais rápidos e precisos no reconhecimento de sinais de dor e angústia do que os humanos mais atentos. Essas ferramentas podem dar início a uma nova era de cuidados com os bichos, afirma à Science o engenheiro de visão de máquina Melvyn Smith, da Universidade do Oeste da Inglaterra Bristol (UWE).

Entendendo as expressões faciais de porcos

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O sistema Intellipig fotografa porcos, para depois analisá-los com ferramentas de IA. (Fonte: Hansen et al., Science/Divulgação) 

Melvyn é também líder de design do sistema Intellipig, desenvolvido por pesquisadores da UWE e da Faculdade Rural da Escócia (SRUC), que utiliza IA para analisar as expressões faciais de porcos . Instalado em uma fazenda no interior do sudeste da Inglaterra, o projeto que fotografa os suínos (focinho, orelhas, olhos e outras características faciais), depois identificados e analisados por um sistema de IA.

Além de fornecer uma refeição personalizada para cada animal, a IA procura, nas expressões faciais, sinais de que ele possa estar com alguma doença, dor ou sofrimento emocional. Se algum desses sintomas for detectado, o sistema envia um alerta imediato ao fazendeiro, que fica na sala ao lado, apenas observando as telas.

O principal objetivo do Intellipig é lidar com uma limitação humana fundamental: não sermos capazes de entender como os animais estão se sentindo. Falando dessa aparente superioridade da máquina sobre os humanos, a cientista de comportamento animal Emma Baxter, da SRUC, afirma à Science: "Espero que haja espaço para especialistas, para garantir que [a IA] esteja realmente fazendo o que diz que está". 

Padrões específicos de estresse em animais

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Detalhes sutis encontrados por IA no rosto de um cavalo estressado. (Fonte: A. Fischer, Science/Divulgação)

As semelhanças anatômicas entre expressões faciais de humanos e animais não são suficientes para garantir uma interpretação precisa. Por isso, os pesquisadores de comunicação animal geralmente inferem os estados emocionais pelo contexto. Embora a dor seja facilmente identificável em casos evidentes, como cavalos recém-castrados ou ovelhas feridas, algumas metodologias científicas incluem a indução controlada de desconforto.

A indução desse estresse em animais é geralmente simples: cavalos e gatos manifestam inquietação em viagens curtas ou quando separados de seus companheiros. Marrãs (porcas jovens) se sentem intimidadas na presença de porcas adultas. Os sinais de estresse são evidentes: vocalização ansiosa, comportamento excretório alterado e aumento do cortisol permitem validar os marcadores emocionais.

Após anos de observações atentas e de animais em situações controladas, cientistas elaboraram um "escalas de caretas" para várias espécies. Alguns padrões específicos, como orelhas giradas e rugas acima dos olhos em cavalos relacionam-se com dor. Embora essa codificação possa ser feita manualmente, o processo demanda tempo considerável. Mas, após treinada, a IA realiza essa análise instantaneamente.

Perspectivas pragmáticas e realistas sobre o uso da IA facial em animais

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Mapas de calor em regiões faciais consideradas mais informativas por IA em gatos. (Fonte: Martvel et al., Science/Divulgação)

Recentemente, o médico veterinário brasileiro Gabriel Lencioni, doutorando na Universidade de São Paulo (USP), deu ao seu sistema de IA fotos dos rostos de cavalos antes e depois de uma cirurgia, e também antes e depois da administração de analgésicos, e instruiu a máquina a se concentrar em diferenças nos ouvidos, olhos e boca. Após treinar com três mil imagens, "a IA aprendeu sozinha", garante o pesquisador, com uma taxa de 88% de acertos.

Em oposição a essa linha de ferramenta aprimorando suas próprias habilidades, a cientista da computação Anna Zamansky, da Universidade de Haifa, em Israel, alerta que um computador livre para decidir o que procurar nas imagens pode levar ao chamado viés de correlação espúria, quando a IA identifica um padrão irrelevante, como um relógio no fundo da foto, para associá-lo a um padrão emocional específico. 

A equipe da israelense está prestes a lançar um aplicativo baseado em IA que permitirá que donos de gatos escaneiem seus bichanos por 30 segundos e recebam imediatamente diagnósticos de fácil compreensão. Abrigos de animais de estimação também poderão futuramente monitorar a dor e o estado emocional de seus internos. E, “quando sabemos que nossos companheiros animais estão felizes, isso também nos deixa felizes”, conclui Zamansky.

Você gostaria de entender as emoções do seu animalzinho de estimação? Comente em nossas redes sociais e compartilhe a matéria com seus amigos e seguidores. Para saber mais sobre emoções, entenda por que os cães deveriam farejar tudo ao redor durante seus passeios .

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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