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Você acredita na gravidade?
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Você acredita na gravidade?

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Tecmundo
29/07/2022 22h30
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*Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.

A pergunta do título pode ser entendida de duas formas: se você acredita na Ciência, especificamente na Física, que explica que a gravidade terrestre é a aceleração com a qual as coisas caem em direção ao centro da Terra, ou se você acredita que a gravidade é algo que realmente existe na natureza em si. As duas coisas são diferentes e não excludentes, isto é, você pode acreditar em uma e não em outra, acreditar nas duas ou em nenhuma delas.

Entretanto, independentemente de sua crença, se você soltar o seu celular, computador ou tablet no qual você está lendo esse texto, muito provavelmente, o dispositivo vai cair no chão. O motivo pelo qual isso acontece pode ser, e já foi explicado de diversas maneiras diferentes.

Gravidade é a aceleração com a qual caímos em direção ao centro da TerraGravidade é a aceleração com a qual caímos em direção ao centro da Terra

Por exemplo, na antiguidade, filósofos acreditavam que todos os corpos eram compostos por variações de quatro elementos: Água, Fogo, Terra e Ar. Sendo assim, um corpo pesado cai no chão pois ele possui mais terra em sua composição e é atraído para a Terra e assim por diante.

O exemplo de um corpo caindo explicado a partir dos quatro elementos é ilustrativo pois, pelo menos atualmente, ninguém, ou apenas poucas pessoas o entendem como “verdade”. Porém, no momento em que ele foi proposto, muitas pessoas acreditavam ser assim que a natureza funcionava.

Desse modo, é importante percebermos que existe uma diferença entre o que a maioria das pessoas acredita ser verdadeiro e o que realmente existe na natureza. Grandezas físicas como a gravidade, por exemplo, são coisas que nós, seres humanos, criamos para explicar fenômenos que acontecem ao nosso redor. E não é somente porque utilizamos essas explicações que é realmente assim que a natureza se comporta.

Disso, podemos retirar outro questionamento: se existe alguma maneira de saber o que é realmente verdade na natureza. E a resposta para isso, falando somente Ciência, seria um simples “não”. Para entendermos o motivo disso, podemos tomar o princípio utilizado pelo filósofo Karl Popper, para quem uma afirmação, para ser considerada científica, deveria ser "trueável", ou seja, deveria ser possível de ser provada como falsa.

Afirmar que existe a tal aceleração chamada gravidade com a qual as coisas caem em direção ao centro da Terra não é uma verdade absoluta. É perfeitamente possível imaginarmos uma situação hipotética onde um objeto qualquer simplesmente não caia com essa mesma aceleração. Por outro lado, se uma pessoa afirmar que gosta de futebol, tal afirmação não possui embasamento científico uma vez que é totalmente subjetiva e não pode ser provada como falsa.

Assim, entendemos que as verdades científicas, mesmo as que parecem óbvias como a gravidade, são temporárias e não faz muito sentido ter "certeza" ou chamar de "verdade" sobre algo que pode ser provado falso. É perfeitamente compreensível que essa falta de certezas possa ser desconfortável para muitas pessoas. Porém, esse desconforto pode ser visto justamente como a motivação para melhorar cada vez mais nosso conhecimento sobre a natureza como um todo.

Por fim, para tentarmos responder à pergunta inicial, podemos simplesmente entender que não precisamos acreditar na gravidade. Pelo contrário, a Ciência precisa que duvidemos de qualquer afirmação para que isso estimule a busca de explicações ainda melhores do motivo das coisas. Por isso, conforme nos familiarizamos com a natureza da Ciência, acabamos por ficar confortáveis com o desconforto que essa falta de certeza nos traz.

Rodolfo Lima Barros Souza, professor de Física e colunista do TecMundo. É licenciado em Física e mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Unicamp na área de Percepção Pública da Ciência. Está presente nas redes sociais como @rodolfo.sou

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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