Por que os papas mudam de nome ao serem eleitos?
Aventuras Na História
A Igreja Católica se trata de uma instituição religiosa milenar, com seus hábitos e tradições muitas vezes provenientes desde tempos muito antigos, como a mudança de nome e a troca de papas apenas após a morte do anterior. Tendo isso em mente, passa a fazer mais sentido perceber que os papas — líderes mundiais da Igreja Católica —, ao longo da história, tiveram e ainda têm o costume de abandonar seus nomes de batismo quando eleitos ao papado, visto que é um costume percebido em outras tradições.
Mas afinal, como e por que ocorre essa mudança? Para responder às questões, confira a seguir algumas curiosidades, informações históricas e costumes da Igreja Católica:
Como é feita a escolha?
Em princípio, é o próprio papa quem escolhe o nome que vai ser adotado durante seu pontificado — tempo que passará como líder da Igreja Católica. Com isso, o critério para a escolha do nome acaba se tornando bem amplo, mas nos últimos papados a escolha foi norteada por dois critérios principais: homenagens a apóstolos de Jesus ou a um papa anterior.
Por exemplo, o primeiro caso pode ser exemplificado pelo grande número de papas famosos com nomes como João, Paulo, ou até mesmo João Paulo. Além disso, também pode indicar a linha da administração: o polonês Karol Wojtyla adotou o nome João Paulo II, visando seguir a condução de seus antecessores — João XXIII, Paulo VI e João Paulo I —, que pregavam uma reforma cautelosa na estrutura da Igreja.
Já os nomes pensados em homenagear líderes religiosos anteriores são pautados especialmente em casos da Antiguidade e Idade Média, em muitos papas que tiveram um bom pontificado, mas utilizavam de seu nome de batismo — como Leão, Pio e Silvestre.
Por que a mudança de nome?
A tradição de se usar outro nome ao alcançar o posto de líder religioso da Igreja Católica, no entanto, se iniciou justamente no começo do que viria a se tornar uma das maiores instituições do mundo: de acordo com as escrituras, foi Jesus quem indicou o primeiro papa, um de seus apóstolos, o pescador Simão, que passou a ser chamado de Pedro. A escolha foi sob a alegação de que ele seria a pedra sobre a qual se ergueria a igreja.
Depois de Pedro, porém, uma longa sucessão de papas com o nome de batismo ficou no comando da Igreja Católica, mas só em 533 que uma homenagem foi feita novamente. João II optou por não usar seu nome de batismo — Mercúrio, o deus romano do comércio e dos ladrões — para homenagear o papa João I e o apóstolo de Jesus, como informado pela Super Interessante.
Alguns grandes nomes
Ao longo da história da Igreja Católica, alguns papas adotaram nomes que definitivamente iriam em contramão aos seus de batismo — ainda mais porque, com o tempo, a instituição se expandiu por todo o mundo, de forma que já houveram papas da Alemanha, Polônia, e o atual, o papa Francisco — cujo nome de batismo é Jorge Mario Bergoglio, a via de curiosidade —, é argentino.
- João Paulo II: viveu de 1920 a 2005, e tinha como nome de batismo Karol Wojtyla. Foi o primeiro papa polonês da história, e foi caracterizado pelo desejo de unificar os cristãos do mundo; teve um pontificado conservador, e manteve a proibição, pela Igreja, do uso da camisinha, mesmo no auge da epidemia da AIDS;
- Alexandre VI: viveu de 1430 a 1503, e seu nome de batismo era Rodrigo Bórgia. Foi papa em uma época que nobres aristocratas podiam comprar cargos na Igreja, e seu pontificado foi marcado por polêmicas: teve vários filhos, mesmo com o celibato já sendo imposto — desde o século IV;
- Pedro: com datas relativamente incertas, viveu do século 1 a.C ao ano 67, e tinha como nome de batismo Simão. Foi o fundador da Igreja Católica, e também é conhecido como o primeiro papa da história. Foi preso e crucificado pelo imperador romano Nero, mas pediu para que sua cruz fosse posta de cabeça para baixo, pois não se considerava digno de morrer da mesma forma que Jesus.
- João XXIII: viveu de 1881 a 1963, e antes era chamado de Angelo Roncalli. 'João' é o nome mais repetido entre os papas, tendo 21 homenagens no total. Uma grande reforma que realizou nas igrejas foi o fim das missas em latim, além de cobrar maior sensibilidade dos padres aos problemas do mundo.
- Bento XV: viveu entre 1854 a 1922, e antes era chamado de Giacomo Della Chiesa. Seu pontificado se deu durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), pregava neutralidade no conflito, organizando missões para socorrer feridos em batalha. Além disso, tentou até mesmo negociar a paz entre os dois lados, mas foi ignorado.