A “geração nem-nem” cresceu durante pandemia; você faz parte dela?
Manual Do Homem Moderno
Se você é um jovem que não trabalha nem estuda, os estudiosos têm um nome específico para você (na verdade, para o grupo ao qual você pertence). Segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), a chamada “geração nem-nem” (jovens entre 15 e 29 anos que nem trabalham nem estudam) está maior do que nunca.
Os dados da pesquisa apontam que, no segundo semestre de 2020, o percentual dos “nem-nem” foi de 29,33 % em sua faixa etária, o maior desde 2012. Segundo o economista e diretor da FGV Social, Marcelo Néri, o estudo mostra a alta vulnerabilidade dos mais jovens em tempos de crise.
Agravamento durante a pandemia
Ainda segundo a pesquisa, o índice aumentou durante o isolamento social principalmente por causa da desocupação – a falta de emprego ou estudo. Ela aumentou para 56,34% em 2020, em comparação com os 49,37% do mesmo período de 2019.
Em relação à satisfação com o sistema educacional, os dados caíram de 56% para 41% entre os jovens brasileiros, representando o seu nível mais baixo na história. Lembra que os homens têm estudado menos? Tudo está ligado.
Menor evasão escolar
Em contrapartida com o recorde na geração nem-nem, o estudo também aponta que a queda da taxa de evasão escolar diminuiu durante a pandemia, atingindo o nível mais baixo da série, com 57,95% de 15 a 29 anos. No final de 2019, os números apontavam para 62,2%.
A FGV acredita que a combinação da falta de oportunidades no mercado trabalhista com menor cobrança escolar (em decorrência do ensino a distância), pode explicar os dados.
Outros grupos vulneráveis
Não é apenas os jovens que estão sofrendo com a falta de emprego e estudo. A pesquisa também constatou outros grupos vulneráveis, como pessoas sem instrução (66,81%), nordestinos (32%), mulheres (31,29%), pretos (29,09%), moradores de periferia das maiores metrópoles brasileiras (27,41%) e chefes de família (27,39%).
“Além de grupos tradicionalmente excluídos, o fato que das maiores incidências dos nem-nem estarem entre aqueles com menor nível de educação e principais provedores das famílias apresentam implicações para o futuro desses jovens e famílias inteiras”, relata o estudo.
Trabalho precarizado
Entre a porcentagem da geração nem-nem que tenta trabalhar, muitos são atingidos por contratempos como baixo salário, alta jornada de trabalho e informalidade. Um estudo do IDados, considerando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), mostra que a precarização é a mais alta do mundo entre os jovens brasileiros: 8 em cada 10 jovens trabalhadores exercem trabalhos precarizados.
Oportunidades fora do Brasil
De acordo com outros estudos, a geração nem-nem tem poucas esperanças para um futuro no Brasil. Dados apontam que metade dos jovens de 15 a 29 anos desejam ir embora do país.
No momento em que o Brasil apresenta a maior parte da sua população em idade economicamente ativa, o país passa por uma das piores crises políticas, econômicas, ambientais, sociais e sanitárias. Diante de uma perspectiva de retrocesso, combinada à gestão do governo durante a pandemia do coronavírus, a opção mais viável para um futuro estável é fora do Brasil.
Consequências
Em um cenário com poucas perspectivas para o futuro, sem oportunidade de estudo ou emprego, um grande problema social se agrava. Sem estímulos, a geração nem-nem se encontra com dificuldades para cultivar valores e se sentir produtivo para a sociedade.
Mesmo com auto estima alta e grandes habilidades tecnológicas, o principal obstáculo para a geração nem-nem é a falta de oportunidades.