‘‘Nosso físico não deve ser um limitante’’, dispara Tati Machado em exclusiva emocionante
Anamaria
Tati Machado brilha nas manhãs da Globo. Dona de uma simpatia ímpar, ela está no ar no Encontro e no É de Casa, em que dialoga com o público com espontaneidade, desenvoltura e bom humor. Mas ela também já passou pelo Gente Inocente e ainda assinou o roteiro do Bate-Papo com o Eliminado [sobre o BBB], e vem conquistando cada vez mais espaço na telinha e no coração dos telespectadores. Não é à toa!
Alegre e muito dona de si, acompanhá-la na TV se tornou um momento esperado por milhares de pessoas. Tem mais: suas características físicas aliadas ao extremo carisma fazem dela referência para muitas mulheres que, assim como Tati, não se encaixam nos velhos ‘padrões estéticos’.
“Sempre acreditei no meu potencial para ser colocada em uma caixa. E, se fosse colocada, faria questão de sair dela rapidamente. A gente pode tudo nessa vida.” E ela vai longe: “Nosso físico não deve ser um limitante. Ganhei autoestima quando tive a possibilidade de me aventurar na moda. Hoje, bem consciente, quero que o impacto que causo seja positivo e que todas as mulheres possam realmente se libertar, assim como eu”.
Ela é mesmo gente como a gente, alguém que inspira com tamanha leveza e amor-próprio!
Confira a entrevista completa:
As características físicas e seu carisma fazem de você uma referência para muitas mulheres que não se encaixam nos tais ‘padrões estéticos’. Como se sente com isso?
Meu tipo físico nunca foi limitante no meu trabalho, por incrível que pareça. Sempre fui muito bem-aceita por todos. E sempre acreditei demais no meu potencial para ser colocada em uma caixa. E, se fosse colocada, faria questão de sair dela rapidamente. A gente pode tudo nessa vida e, repito, nosso físico não merece ser um limitante.
E você é de um alto-astral invejável… De onde vem tanta motivação?
Eu ainda não encontrei as respostas certas, já cheguei a questionar se eu não estava animada demais por algo que não precisava de tanta animação. Sou intensa, mas é que eu realmente acredito que a gente merece ser feliz, e eu me sinto preenchida de felicidade, sempre me senti. Gosto de enxergar a vida de forma leve e, a partir daí, tudo vira consequência. Então, se me sinto feliz e, ainda por cima, trabalho com o que amo, não tem como não ter o alto-astral lá em cima.
Os looks transados que usa chamam a atenção das telespectadoras. Acredita ter se tornado uma referência de moda?
Recebo mensagens de pessoas falando que eu mudei a forma de elas se vestirem, que ajudei a dar uma injeção de autoestima e sei da responsabilidade que isso tem, e mexe muito comigo. Confesso que, no começo, não conseguia me enxergar como essa referência e nem sabia bem como lidar com esse lugar novo, até porque eu também estava me descobrindo. Meu armário não tinha quase nenhum look colorido, não tinha macacões que hoje eu amo e eu pouco explorava as formas do meu corpo - na verdade, eu escondia. Eu recuperei, ou melhor, ganhei autoestima quando comecei a ter a possibilidade de me aventurar na moda, e atribuo isso demais às figurinistas que passaram pelo meu caminho e me trouxeram uma possibilidade quase que infinita para eu encontrar minha identidade na moda. Hoje, bem consciente, quero que esse impacto que causo nas pessoas seja sempre positivo e que elas possam realmente se libertar, assim como eu.
Então, hoje, podemos dizer que um mundo de cores invadiu seu armário, certo? Foi uma virada de chave perceber que todas nós podemos usar a cor que quisermos?
Como falei anteriormente, trabalhar com televisão me fez sair da zona de conforto. Eu queria me enxergar mais bonita, mas, para isso, eu precisava mudar meu interior antes, precisava entender que a forma como eu me vestia também era uma forma de comunicação. Se eu me vestisse como era na vida, eu comunicaria uma insegurança muito grande, que era o que eu sentia quanto ao meu corpo. Eu estava apreensiva porque sabia que era um espaço pouquíssimo ocupado por pessoas gordas, então eu queria fazer diferente, mas também não sabia se eu estava pronta para essa mudança. A partir daí, aos poucos, fui testando e, mais do que nunca, curtindo o processo todo.
Você já disse também em entrevistas que não usava os braços de fora. De alguma maneira, durante um tempo, você quis se ‘esconder’ por causa da pressão da sociedade pelo tal ‘corpo perfeito’?
Acho que estava mais atrelada ao que eu consumia nas redes sociais, que eram não perfis de pessoas com corpos parecidos com o meu. Confesso que não fui uma criança ou uma adolescente gorda, eu virei gorda já adulta. Mas isso não me fez deixar de ter questões com o meu corpo desde nova: sou pequena, tenho 1,50 m, sempre tive pernas grossas e, nesse mundo de comparações, achava o corpo do outro melhor do que o meu, me sentia diferente. Agora, voltando para as redes sociais, comecei a experimentar perfis diversos, e isso me tirou de uma bolha enorme. A partir daí, comecei a ver minhas referências e pensar: nossa, meu corpo se parece com o dela, e olha como ela é gata e se veste bem! Sobre o braço de fora, ainda é um desafio, mas estou tentando “matar de frente”.
Acredita que agora encontrou sua identidade na moda?
Com certeza, a ponto de saber que, inclusive, posso usar qualquer coisa.
Neste mundo atual em que as redes sociais exercem tanto poder sobre as pessoas, que acabam vivendo em busca de uma perfeição que não existe, que conselho você daria a elas?
Consumam perfis de pessoas que se pareçam com você.
Já que virou referência a milhares de pessoas, pensa em empunhar a representatividade como bandeira?
Acredito que eu já a tenho como bandeira. Eu ocupo um espaço quase que diariamente na TV e represento muitas pessoas estando ali. E, mais do que isso, aprendi que não é preciso ficar falando sobre um assunto específico para representar. Eu quero mostrar que nós, independentemente do nosso corpo, podemos falar sobre o que quisermos.
E a fama de fofoqueira, que vem a reboque do ofício?
Eu sempre gostei de uma fofoca, mas daquela que não prejudica ninguém. E eu sou uma fonte segura, viu [risos]? Juro que não sou eu que ‘procuro’ a fofoca, é ela que me acha!
Você é de casa ou rueira?
Posso dizer que sou uma mulher de fases [risos]. Sempre gostei de rua, de festa, ainda gosto muito, mas estou em um momento que prefiro reunir meus amigos na minha casa e passar uma noite inteira jogando [jogos de tabuleiro] e falando sobre a vida.
Um encontro inesquecível?
Meu primeiro contato com a Fátima Bernardes, em 2019. Eu estava me maquiando para entrar ao vivo no Se Joga e a sala era a mesma de caracterização do Encontro. Fátima passou, deu bom dia para a equipe dela e seguiu, mas resolveu voltar porque notou que eu estava ali. Ela virou e falou para mim: ‘Tenho te assistido, você é muito boa, vai longe’. Eu lembro que eu quase desmaiei na hora. Eu já tinha falado com ela em outras oportunidades, como jornalista, mas, dessa vez, teve um gostinho diferente, ela sabia quem eu era! Eu não imaginava que, no ano seguinte, viraríamos parceiras de programa. Como diz o Pedro Scooby: “A vida é irada”!
Um sonho e uma frustração
Meu grande sonho é o de conseguir mudar a vida da minha família e dar mais conforto para todos eles. Uma frustração é não ter tido tempo de fazer isso enquanto meu pai estava vivo.