Isis Valverde nega afastamento das novelas: 'Jamais fecharia essa porta'
Caras
"Não me coloquem em caixas". A frase é da atriz Isis Valverde (36) que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 31, na pele da socialite Ângela Diniz, assassinada pelo empresário Doca Street em 1976. Em entrevista à CARAS Brasil, a artista conta que sua carreira é guiada por histórias.
"Eu sou muito grata pelas novelas que eu fiz, jamais fecharia essa porta. A Globo foi um berço para mim e continua sendo um lugar de criação muito potente", declara Isis Valverde, enquanto riscava uma folha de papel. "Sempre escolhi os meus personagens pelas histórias. E Angela não foi diferente."
A artista foi convidada a estrear o filme pelo diretor Hugo Prata. Na trama, ela divide a tela com Gabriel Braga Nunes, na pele do empresário que mata a socialite, e mostra as dores dos últimos mseses de vida da mineira que foi assassinada aos 32 anos.
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Para Isis, o papel foi a oportunidade de levar luz a um assunto relevante –o que já era um objetivo em sua carreira. Ela ainda conta que o processo de preparação foi além das pesquisas sobre a vida da socialite e foi preciso encontrar pontos em comum com Ângela, o que ela encontrou na maternidade.
A mineira era mãe de três filhos e, antes de se mudar para o Rio de Janeiro, teve a saudade dos herdeiros usada como moeda de troca por sua liberdade. Seu ex-marido, Milton Villas Boas, chegou a abrir um processo contra a socialite, a acusando de sequestrar a própria filha. O julgamento rendeu seis meses de prisão para Ângela.
"A gente se encontrou muito na maternidade, como duas mulheres que às vezes têm que deixar os filhos. Eu, no caso, para trabalhar", diz Isis. "Fiquei longe do meu filho [Rael, de 3 anos] durante as filmagens, o que me permitiu tocar um pouco essa mulher que foi agredida. Hoje ainda somos tolhidas de outras formas na sociedade."
Após o lançamento da cinebiografia, Isis Valverde afirma já ter dois projetos engatilhados. Apesar de não poder dar mais detalhes, a atriz comenta que logo os fãs descobrirão seu próximo personagem. A seguir, a artista fala mais sobre os bastidores de Angela. Leia trechos editados da conversa.
Por que você aceitou o papel para interpretar Ângela Diniz?
Eu já estava em busca de trabalhos mais relevantes, querendo levar luz a um assunto que precisava ser repensado e elaborado e a minha mãe ouvia muito a história da vida dela, como foi trágico esse assassinato brutal que ela sofreu. Eu sou do movimento que apoia esse caminho incessante que temos como mulheres, dessa abertura de portas para a gente poder atingir um lugar humano e com tudo o que temos direito. Foi aí que eu aceitei fazer o filme.
Como foi a preparação para o longa?
A preparação sempre começa na aproximação do personagem com a Isis, ainda mais para cinebiografia… iria virar uma caricatura da Ângela se eu fosse a copiar. Temos poucos registros dela, só do assassino, por incrível que pareça. A partir dali fui conversar com pessoas que conheceram ela, ouvi o podcast Praia dos Ossos, vi fotos em que algumas cenas do filme eu fui incorporando esses movimentos.
Houve algum desafio para gravar as cenas de sexo?
Gabriel é meu parceiro há anos, o conheço desde O Canto da Sereia, em que fizemos par romântico, e isso foi muito bom. Tivemos mais liberdade para criar e se abrir naquele local que é bem próximo do ator. Cena de sexo é uma cena delicada, que exige confiança no parceiro.
No que você encontrou indentificação com a personagem?
Os desejos femininos, as liberdades que a gente se dá, as pontes e muros que a gente atravessa. Isso me uniu muito à ela. A gente se encontrou muito na maternidade, como duas mulheres que às vezes têm que deixar os filhos. Eu, no caso, trabalhar. Jamais imaginaria essa situação de um homem colocar minha liberdade como moeda de troca para eu poder ter convivência com os meus filhos, deve ser uma coisa horrorosa.
Qual foi a reação dos seus fãs ao anunciar seu papel no filme?
Foi ótima, inclusive das meninas. Foi muito aguardado, a lista está bem grande e a procura está bem positiva. Conseguimos atingir o objetivo da arte, impactar e causar curiosidade para que a pessoa consiga fazer uma elaboração do trabalho interno.