Idosos sentem menos sede e isso pode causar consequências para a saúde; entenda
Bons Fluidos

Beber água é fundamental em todas as fases da vida. Mas com o passar dos anos, esse hábito se torna ainda mais importante. Isso porque, a partir dos 60 anos, o corpo sofre alterações que reduzem a percepção da sede e dificultam a manutenção do equilíbrio hídrico. O resultado é um risco maior de desidratação silenciosa, que pode comprometer o bem-estar físico, cognitivo e até emocional dos idosos.
Por que os idosos sentem menos sede?
Com o envelhecimento, os receptores do organismo responsáveis por sinalizar a necessidade de beber água ficam menos sensíveis. Além disso, há uma queda natural na produção do hormônio antidiurético, responsável por ajudar os rins a reter líquidos. Associado a isso, muitos idosos utilizam medicamentos diuréticos, o que potencializa a perda de água.
Ou seja: mesmo quando o corpo precisa de líquidos, a sensação de sede pode demorar a aparecer. Isso explica por que tantos idosos permanecem desidratados sem perceber.
Os riscos da desidratação na terceira idade
A falta de líquidos impacta diretamente várias funções do organismo. Segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, cerca de 40% das internações por desidratação envolvem idosos, uma estatística que reforça a gravidade do problema. Entre os principais riscos estão:
- Função cognitiva: a desidratação pode causar sonolência, lapsos de memória, confusão mental e até sintomas semelhantes aos de doenças neurodegenerativas. Isso aumenta a chance de quedas, engasgos e acidentes domésticos;
- Rins sobrecarregados: como filtros do corpo, eles dependem da água para eliminar toxinas. Sem a quantidade adequada, há maior risco de insuficiência renal, infecção urinária e até sepse em casos graves;
- Pressão arterial instável: menos líquidos circulando no sangue favorecem episódios de hipotensão, levando a tontura e desmaios ao se levantar;
- Pele e mucosas ressecadas: boca e olhos secos tornam tarefas simples desconfortáveis. A pele ressecada pode coçar e sofrer ferimentos, aumentando o risco de infecções;
- Constipação e dor de cabeça: sem água, o intestino trabalha mais devagar e o cérebro emite sinais de alerta por meio da dor.
Sinais de alerta: como reconhecer a desidratação
Alguns sintomas podem indicar que o corpo precisa urgentemente de líquidos:
- Urina escura e com cheiro forte;
- Boca seca e saliva espessa;
- Olhos e pele ressecados;
- Sonolência excessiva ou confusão mental;
- Tontura ao se levantar.
De acordo com especialistas, a sede na terceira idade deve ser vista como um sinal tardio, semelhante à luz de combustível acesa em um carro: quando aparece, já é hora de agir rápido.
Quanto de água o idoso deve beber por dia?
A recomendação média é de 1,6 a 2 litros de líquidos por dia, mas a quantidade pode variar conforme peso, alimentação, rotina e condições de saúde. Esse volume não precisa vir apenas da água pura: chás suaves, água de coco, sucos leves, sopas e frutas ricas em água (como melancia, melão, laranja e tomate) também contribuem.
Estratégias para melhorar a hidratação
Para incentivar o consumo de líquidos, os geriatras sugerem algumas práticas simples:
- Variar sabores: águas saborizadas com frutas, folhas de hortelã ou gengibre deixam o hábito mais agradável;
- Fracionar ao longo do dia: pequenas quantidades em intervalos regulares reduzem o incômodo das idas frequentes ao banheiro;
- Manter sempre por perto: garrafinhas acessíveis lembram o idoso de beber mesmo sem sede;
- Envolver a família: muitas vezes, o idoso não pede água por dificuldade de locomoção. A oferta constante de líquidos e alimentos ricos em água é essencial.
A água como aliada do envelhecimento saudável
Mais do que matar a sede, beber água regularmente preserva funções vitais: ajuda na digestão, regula a pressão, mantém os rins em equilíbrio, contribui para a saúde da pele e sustenta o raciocínio claro.
Na terceira idade, a hidratação deve ser encarada como um ato diário de autocuidado. Pequenas mudanças na rotina, somadas à atenção da família, podem fazer toda a diferença para que os anos sejam vividos com mais autonomia, vitalidade e qualidade de vida.